19 de set. de 2014

O fatídico Combate dos Porongos

Em época de finalizações do Tratado de Paz, que acabaria com a guerra entre os revolucionários do Rio Grande do Sul e a Monarquia do Império Brasileiro, o Combate dos Porongos ficaria para a eternidade marcado como um dos mais sangrentos de todos, e causaria um dos debates mais ferrenhos entre historiadores e pesquisadores da história da Revolução Farroupilha. 

Na madrugada do dia 14 de novembro de 1844, no Cerro dos Porongos, em Piratini (atual município de Pinheiro Machado), as tropas imperiais comandadas pelo impetuoso Francisco Pedro de Abreu, o Moringue, fariam um ataque fulminante contra as forças revolucionárias de Davi Canabarro, e principalmente, sobre o Corpo de Lanceiros Negros, sob ordens do coronel Joaquim Teixeira Nunes, o Gavião. 

A vitória dos monarquistas foi incontestável, pois com pouquíssimas baixas, conseguiram exterminar dezenas de farrapos. Os lanceiros negros, que portavam apenas armas brancas, foram estraçalhados pelos legalistas. Este ficaria marcado como um dos combates mais trágicos de toda a revolução, onde estima-se que mais de 300 lanceiros negros tenham morrido. E ainda, tenha sido ferido e vindo a óbito, dias mais tarde, o valoroso coronel Teixeira Nunes, um dos grandes comandantes das tropas. 

Davi Canabarro, o general que comandava as tropas, foi um dos únicos que conseguiu fugir ileso do ataque de Moringue. A partir daí, boatos, até hoje divergidos, dão conta de que Canabarro tenha traído seus próprios soldados. 

Esta alegação foi feita, após ser apresentada uma carta enviada pelo comandante em chefe e presidente da província, Luiz Alves de Lima e Silva, o famigerado Barão de Caxias, ao Moringue, informando a data, local e hora do ataque. O documento dava a entender que Canabarro tinha feito um acordo com Caxias, entregando seus próprios homens, uma vez que a alforria dos escravos era um dos principais pontos de entrave para que fosse assinado o tratado de paz. 

Alguns historiadores famosos defendem a tese de que o general farroupilha teria desarmado as tropas, sob alegação de que a guerra teria acabado, premeditando a emboscada contra os escravos negros. 

No entanto, há outra versão a ser externada, que fala da falsificação desta carta, para denegrir a imagem de Canabarro perante aos demais líderes farrapos, pois ele, como chefe em armas da República Rio Grandense, era a grande esperança de vitória para os republicanos. 

Até hoje a polêmica envolvendo o general paira sobre o Rio Grande. Seria ele um traidor que entregou seus próprios subordinados, ou apenas mais um a ser caluniado pelo Império para extinguir o movimento separatista do Rio Grande do Sul?  

Redator: Tradição Regional

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