27 de mai. de 2015

Quem deterá a destruição de nossos casarões?

Escrito por Miguel Régio...

Que os leitores me desculpem se estas linhas não seguem o padrão usual, pensado, das coisas que vez por outra escrevo, mas estou escrevendo sob forte emoção e indignação.

Até quando vamos assistir pacientemente a destruição do centro histórico de nossa cidade?

Já vimos um casarão centenário ser derrubado para dar lugar a um posto de gasolina;
O casarão da antiga “Esquina dos Lobato” ser descaracterizado para dar lugar a uma ótica;
Mais remotamente, um grande e belo casarão ser igualmente destruído para que construíssem um prédio esdrúxulo para sediar o Banco do Estado do Rio Grande do Sul;

Vimos, também, por uma fatalidade, vir abaixo a antiga Casa Amarela, do finado Arnô Ratto;
E a lista poderia seguir nominando outros locais e prédios antigos, que faziam parte de nossa história, que hoje não são mais que fotos amareladas pelo tempo.

Até quando?

Será que precisaremos ver o belo centro histórico de Pinheiro Machado ser transformado num amontoado de prédios modernos, feios, geométricos e vazios de conteúdo histórico?

Agora a pouco fiquei chocado com uma foto postada nas redes sociais, onde um dos mais belos prédios remanescentes está sendo posto abaixo, ou, na melhor das hipóteses, descaracterizado, para dar lugar à ganância de pessoas de fora, mas que dispõe de dinheiro para adquirir pedaços do nosso chão com o intuito de explorar e ganhar dinheiro simplesmente, sem um mínimo respeito a todo o passado de um povo.

Não culpo apenas a essas pessoas, que não se preocupando com a história, encontram terreno fértil nesta terra sem leis específicas para dar vazão a seus afãs modernizadores; em grande parte há culpa do nosso poder público, que até hoje, por uma questão de desobrigação legal não votou um PLANO DIRETOR que poderia abranger questões desse tipo.

As cidades são dinâmicas, assim como dinâmico é seu povo, e o poder do estado é fiscalizar, incentivar e até mesmo coibir práticas que vão ao encontro das ambições e dos valores de gerações passadas, atuais e futuras.

Onde estão nossos vereadores, de várias legislaturas, que não vêem o mal que está sendo feito, que não votam de uma vez esse plano diretor, que embora não seja obrigatório, fixará diretrizes previamente pensadas, que são traçadas visando um desenvolvimento ordenado do meio urbano.

Por que já não foi definida uma zona comercial na cidade?

A Avenida Protásio Alves prestar-se-ía muito bem a esse fim. Além de ser uma grande avenida para os moldes de nossa cidade, ainda possui uma infinidade de terrenos que poderiam ser adquiridos para a construção de sedes de empresas comerciais. Por que nosso poder executivo (e não falo só de agora) não tem peito para promover mudanças radicais que visem preservar espaços antigos de nossa cidade sem prejuízo do crescimento social e econômico. Quase todas as cidades do entorno assim procederam: Bagé, Piratini, Pelotas... por que apenas nós precisamos ser diferentes e incompetentes.

Seria bom demais se nossa população boicotasse essas empresas que querem (e estão conseguindo) aniquilar a beleza arquitetônica do nosso passado, mas isso só seria possível com um povo unido, cônscio de suas obrigações sociais e disposto a preservar suas tradições... Ainda não temos esse espírito de corpo, que poderia deter o mal, que se não é mal em si, mal acaba causando. Que orgulho nós sentiríamos se fossemos capaz de abraçar o antigo casarão da Dona Jaci e parar essa nefasta obra de destruição, cobrando e exigindo providências necessárias para reverter essas práticas.

Cacimbinhas, passados quase cem anos do grande golpe da troca do nome, começa a ser sepultada com os escombros de seus velhos casarões.

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