Quem ainda mantém os desfiles é o município de Pinheiro Machado. O patrão do CTG Lila Alves, Paulo César Fagundes, ressalta que a responsabilidade das entidades é que cada equino que for desfilar tenha os exames de Anemia Infecciosa Equina e Mormo negativos. “Nos reunimos com as entidades, cerca de 10 piquetes participaram do encontro e nove se comprometeram em desfilar com os seus animais testados. Teremos mais uma outra reunião próxima do evento e caso ocorra alguma determinação que proíba os desfiles, aí sim não haverá desfiles”, relata o tradicionalista.
Desfiles cancelados
Mais municípios da região da Campanha decidiram pelo cancelamento dos
desfiles de 20 de Setembro. Candiota e Aceguá somam-se a outras cidades
como Bagé, Santana do Livramento, Hulha Negra, Lavras do Sul, Dom
Pedrito, Caçapava do Sul, entre outros.
Em Aceguá, o representante do CTG Pátria Coragem, Alberico Rodrigues, as
entidades do município optaram por cancelar o desfile, mas manter as
atividades da programação da Semana Farroupilha do município. “A
programação segue a mesma, com as atividades iniciando no dia 13 de
setembro”, explica Rodrigues. Candiota também manterá a programação dos
festejos farroupilhas, mas sem o desfile.
Especialista explica riscos de transmissão do mormo
Desde o primeiro caso da doença do mormo, registrado em Rolante, no mês
de junho, entidades, técnicos e autoridades políticas têm debatido o
caso no Rio Grande Sul. A doença colocou proprietários de equinos e
promotores de eventos em alerta, tanto que, na região praticamente todas
as cidades cancelaram o desfile comemorativo a 20 de setembro.
A exigência é uma determinação da Legislação Federal e tem por objetivo
evitar que a doença se alastre, além de zelar pela saúde animal e
pública, já que o Mormo é fatal e transmissível a seres humanos.
Desde que o primeiro caso foi identificado no Rio Grande do Sul, cerca
de seis mil exames em todo Estado foram realizados. Destes, 11 deram
positivo (suspeito), sendo encaminhadas novas coletas para contraprova
no laboratório oficial do Ministério da Agricultura, em Pernambuco. O
resultado dos exames ainda não retornou. As suspeitas foram registradas
em diferentes regiões. Não havendo nenhum caso positivo no período de
seis meses desde o primeiro foco. O Estado pode requerer ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o retorno do status anterior
de livre da doença, sem mais ter a necessidade de exigir o exame. O
prazo se encerra no início de dezembro.
O que é o Mormo?
De acordo com a médica da vigilância epidemiológica da 7ª Coordenadoria
Regional de Saúde, Flávia Marzola da Silveira, o mormo é uma bactéria
que ataca equinos e pode ser transmitida para seres humanos. “A
gravidade da doença se dá por vários motivos. O primeiro é que não há
vacina para combatê-la. Uma vez diagnosticado no animal, a única saída é
sacrificá-lo. Mais grave ainda é que ela pode ser transmitida a seres
humanos e, em 100% dos casos, leva à morte. As principais implicações
são: febre, úlceras na mucosa nasal, descarga nasal purulenta ou
sanguinolenta, abscessos nos linfonodos e dispneia”, completa.
A médica diz que o ser humano, normalmente se infecta pelo contato com
animais doentes. “Pode ser considerada uma doença ocupacional, contraída
principalmente por trabalhadores, tratadores, médicos veterinários,
trabalhadores de frigoríficos, pesquisadores e laboratoristas. Mas não
temos nada confirmado ainda em humanos. Esse caso que foi comentado em
Santana do Livramento, mas deve ser investigado se o indivíduo teve
contato com animais infectados”, salienta.
A transmissão ocorre por meio de feridas e abrasões na pele. O indivíduo
apresenta-se febril, com pústulas cutâneas, edema de septo nasal,
pneumonia e abscessos em diversas partes do corpo. É uma zoonose de
difícil tratamento, sendo, quase sempre, fatal.
Bactéria
A bactéria é rapidamente inativada pelo calor, raios solares diretos e é
sensível aos desinfetantes comuns como hipoclorito de sódio. Porém, sua
sobrevivência pode ser prolongada em ambientes molhados e úmidos. Uma
das formas de prevenção é evitar o contato com outros animais doentes,
mantendo os exames sempre em dia, evitando locais de aglomerações de
animais onde não haja fiscalização e controle nas áreas de risco.
Flávia comenta que a doença pode ser aguda ou crônica. “Aguda: ela pode
ser vista como uma infecção gravíssima. Crônica: é semelhante a
sinusite. Sempre que tem riscos, nós da vigilância, recebemos notas
oficiais, alertando. Até agora, não recebemos nada”, pontua.
Cuidados
A Secretaria de Agricultura do Estado, após a confirmação do primeiro
caso no RS, vem adotando todas as medidas possíveis, em parcerias com
outras instituições, a fim de evitar a propagação dessa doença. Há
outros casos suspeitos em análise no Rio Grande do Sul. Por isso, para o
trânsito de animais e emissão das Guias de Trânsito Animal (GTA) estão
sendo exigidos exames negativos para o Mormo. Eventos com aglomerações
de animais também serão focos de fiscalização do Estado.
Dicas
A responsável pelo setor de vigilância epidemiológica, Cândida Britto,
diz que diante de suspeita de caso de mormo, deve-se notificar
imediatamente à Defesa Sanitária. “Além de medidas como o isolamento da
área e dos animais suspeitos, deve ser feito o sacrifício dos positivos,
cremação dos cadáveres no próprio local e desinfecção. Mas não tem
porque pensar em mormo em humanos, se não houver contato com animais
infectados”, salienta.
Como fazer o exame?
No site www.agricultura.rs.gov.br,
à direita da página, onde está escrito Mormo, há uma lista com os
laboratórios habilitados para realizar o exame, e também uma lista de
veterinários credenciados. O produtor pode também procurar um
profissional de sua confiança. A coleta é feita na propriedade e
encaminhada para um dos 19 laboratórios de todo o Brasil.
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