O juiz titular da Vara de Execução
Penal do TJ (Tribunal de Justiça) do Amazonas, Luís Carlos Valois, disse que
ficou chocado com o que viu no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em
Manaus, onde uma rebelião deixou ao menos 60 detentos mortos.
"Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue...fiquem com
Deus!", escreveu Valois em sua página no Facebook.
A rebelião, que durou durou cerca de 17 horas, foi iniciada na tarde de
domingo (1º) e só se encerrou às 7h --hora local-- desta segunda-feira (2).
De acordo com Valois, sua presença no local foi requisitada pela
Secretaria de Segurança Pública do Estado. "Chegando lá os presos tinha
tomado todo o regime fechado e o semiaberto. Tinham feito um buraco e passavam
de um lado para o outro".
O juiz diz que liderou as negociações com os detentos. "[Eles
pediram] apenas que nos comprometêssemos a não fazer transferências, a manter a
integridade física e o direito de visitas".
De acordo com Valois, não há como precisar o número de mortos.
"Muitos estavam esquartejados. Difícil afirmar".
A rebelião
O secretário de Segurança Pública de
Amazonas, Sérgio Fontes, atribuiu o problema a uma guerra entre facções rivais pelo controle de
tráfico de entorpecentes em Manaus. A facção conhecida como FDN (Família do
Norte) teria atacado membros do PCC (Primeiro Comando da Capital).
"Na negociação, os presos exigiram praticamente nada. Apenas que
não houvesse excessos na entrada da PM, coisas que não iriam ocorrer mesmo. O
que acreditamos é que eles já haviam feito o que queriam, que era matar essa
quantidade de membros da organização rival e a garantia que não seriam
agredidos pela polícia. A FDN massacrou os supostos integrantes do PCC e outros
supostos desafetos que tinham naquele momento. Não houve contrapartida da outra
facção", afirmou o secretário.
Ele afirmou que o episódio é mais um capítulo do problema que é nacional
e deve ser enfrentado pelo governo federal em apoio aos Estados que vem
registrando esse tipo de rebelião.
"Infelizmente, isso não é só nosso. Talvez um número um pouco maior
que nos outros Estados. Mas ocorreu recentemente em outros presídios do Acre,
Rondônia, Roraima, Acre Estados no nordeste. Exige uma medida de caráter
nacional. Para tratar juntos desse problema".
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