Não, não é o aniversário de nossa cidade o assunto desta postagem. Afinal, há alguns dias, nosso município completou 133 anos.
Mas neste domingo, dia 08, fazem exatamente 160 anos do nascimento do político José Gomes Pinheiro Machado, que deu nome a nossa cidade. O texto abaixo foi enviado pelo amigo e jornalista Nikão Duarte, professor de Jornalismo na Unisinos, que está escrevendo o livro-reportagem “A guerra de Cacimbinhas”, sobre os episódios resumidos no breve artigo a seguir.
160 anos de nascimento do senador Pinheiro Machado neste 8 de maio
Senador Pinheiro Machado (primeiro à esquerda), em foto obtida no Acervo de Sioma Breitman, no Museu José Felizardo, em Porto Alegre. |
Este 8 de maio, que em 2011 coincide com o Dia das Mães, é também a data do 160º aniversário do nascimento de José Gomes Pinheiro Machado, o senador que, pelas circunstâncias da vida, dá nome ao nosso município. Um dos 11 filhos de uma família abastada, com atividades divididas entre a Agropecuária, o Direito e a Política, aos 15 anos de idade ele alistou-se como voluntário à Guerra do Paraguai, indo para o front, e aos 20 foi levado pelo pai para estudar em São Paulo. Essas duas situações alimentaram seu pensamento republicano.
Formado e de volta ao Sul, começou a advogar e militar no Partido Republicano Rio-Grandense (PRR). Com a proclamação da República em 1889, elegeu-se senador por vários mandatos a partir de 1890. Foi o político gaúcho de maior expressão nacional em sua época, várias vezes lembrado para a Presidência da República e embora nunca tenha saído candidato a esse cargo, chegou a ser considerado presidente-de-fato no mandato de outro gaúcho, o marechal Hermes da Fonseca (1910/1914).
Pinheiro Machado nasceu em Cruz Alta a 8 de maio de 1851 mas criou-se em São Luiz Gonzaga (cidade que o homenageia com um museu) e morreu num outro dia 8 - mas de setembro, em 1915, assassinado por Francisco Manço de Paiva Coimbra, um inconformado com o poder do senador, num ato que causou comoção nacional e impôs ao município de origem do criminoso a alteração do nome de Cacimbinhas para Pinheiro Machado - por essas bajulações de político emergentes como Ney de Lima Costa, o intendente provisório de Cacimbinhas à época, aos poderosos de plantão – valendo lembrar que, em 1915, quem governava o Rio Grande do Sul era outro Pinheiro Machado: o vice-presidente Salvador, irmão do senador morto – pois o presidente eleito Borges de Medeiros estava de licença para tratamento de saúde.
A alteração do nome do município, sem consulta à população e às lideranças locais, deixou inconformados os cacimbinhenses, que pegaram em armas e depuseram o intendente bajulador. O governo estadual em seguida repôs Ney de Lima Costa no cargo, só para demiti-lo de imediato como um ato palaciano, e enviaram um pacificador à cidade, que enquadrou as facções em disputa e deixou outro intendente provisório na cidade – cuja população só retomou o direito à escolha pelo voto quatro anos depois, elegendo Hippolyto Ribeiro Júnior.
Por cerca de cinco décadas houve tentativas de retomar o nome original do município, com manifestações chegando à Assembleia Legislativa, numa delas sendo relatada pelo então deputado Paulo Brossard. Depois, com a natural substituição das gerações, o assunto foi gradualmente sendo esquecido ou só lembrado muito eventualmente.
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