Nos primeiros seis meses de 2012, o abigeato é um dos crimes que mais cresceu, aumentando 20% em relação ao mesmo período no ano passado. Mesmo com dados tão alarmantes, neste ano não houve nenhuma prisão motivada por este delito.
A falta de efetivo é um dos grandes problemas da segurança pública na região da Campanha. Tanto a Brigada Militar, que realiza a patrulha rural, assim como o setor de investigações da Polícia Civil estão com déficit de pessoal. “O ideal seria 25 a 30 pessoas para toda a área rural que o município abrange, mas hoje contamos com apenas 12 pessoas nesta função”, enumera o comandante da Brigada Militar, Maurício Homem.
No setor de investigação da Polícia Civil, a situação é semelhante. De acordo com o investigador José Mariano Amaral, não há um aparato específico para os crimes do campo. “Só em 2012, mais de 100 animais foram carneados ilegalmente na região. O aumento decorre da inclusão de quadrilhas, sendo que estas são muito bem organizadas. Estamos bem preocupados”, confirma Amaral.
Conforme o policial, para sucesso no combate ao abigeato, é necessário a criação de um órgão específico para agir. “Prédio, viaturas, armamentos e, principalmente, funcionários para a investigação. Hoje só existe uma e é necessário, no mínimo oito. E isso é preocupante, pois já vimos vários casos de gente que entrou no crime através do abigeato, mas que depois migraram para roubo de equipamentos e tráfico de drogas”, argumenta.
Amaral ainda defende que o abigeato não é apenas segurança pública, é também uma questão de saúde e uma questão social: “os proprietários reduzem a área de pecuária para aumentar a de agricultura, justamente por causa destes delitos, e isso gera desemprego”, desabafa.
Alternativa para poucos bolsos
Os produtores rurais têm buscado a segurança privada como alternativa. Conforme Cláudia Marimon, gerente administrativa de uma empresa de segurança, afirma que há muita procura por orçamentos e que, nos últimos meses, cresceram os pedidos.
O produtor e proprietário de uma empresa de remates em Pinheiro Machado, Fábio Simoni, foi um dos que investiu na segurança particular: “No meu campo, cada vez que pegam é uma leva de 25 animais em média. Da última vez o prejuízo foi de R$ 5 mil. O jeito foi contratar um segurança particular. O investimento é alto, de mais ou menos R$ 1 mil, mas é a única forma de prevenir melhor”. Apesar do alto número de abigeatos na região, Fábio conta que isso ainda não refletiu nos remates: “Mas todas as semanas vem alguém aqui me contando que foi vítima deste crime”, revela.
Porém quem tem uma extensão maior de terras, esta possibilidade é inviável. Uma produtora de gado de Bagé, que prefere não se identificar, já teve cinco animais furtados de sua propriedade só em 2012. “Para a prevenção, fechei porteiras menos utilizadas e coloquei correntes nas demais. No mais, só posso contar com a segurança realizada pela patrulha rural, pois se eu contratar uma particular, vou a falência”, argumenta.
O comandante da BM aconselha aos produtores: “É preciso analisar as pessoas que vão trabalhar na propriedade. O que se percebe é que, muitas vezes, são as mesmas pessoas que cometem o abigeato em diversas regiões. Este é um tipo de crime que vai migrando”.
Conforme a Polícia Civil, os crimes acontecem como se fossem um rodízio, por isso sempre retornam às mesmas propriedades. “É provável que existam participantes de outros municípios. E nos grupos de criminosos geralmente tem alguém que já trabalhou na propriedade da vítima”, explica Amaral.
A Polícia ainda reitera que é fundamental o registro de ocorrência, assim como qualquer suspeita, denunciar e anotar placas de carros estranhos.
Barato que sai caro
Além do prejuízo para quem produz, a carne fruto de abigeato é uma afronta a saúde do consumidor. Isto é, comprar uma carne mais barata, sem saber de onde vem, pode sair caro no futuro, em função das doenças que ela pode provocar. Em muitas ocorrências registradas na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), por exemplo, os produtores expõem que o rebanho foi vacinado há pouco, logo, a carne não pode ser ingerida, por conter substâncias que fazem mal aos seres humanos.
Segundo Carmen Azevedo, proprietária de uma empresa de embutidos, que traz toda a carne que vende direto de um frigorífico em Pelotas, com procedência confirmada, já apareceu pessoas em seu estabelecimento oferecendo carne mais barata, porém sem indicação de onde vem: “O mais comum é oferecerem carne de porco, mas nem dou atenção quando isso acontece. O meu estabelecimento existe há 12 anos, sempre prezando pela qualidade”, adverte.
Ela explica que, para tanto, mantém seus resfriadores sempre na temperatura ideal, que é de sete graus e seus produtos todos constam na embalagem a data de fabricação, embalagem e de onde está vindo.
O açougueiro Venuzino Mendes, há 20 anos na profissão alerta: “animal que é abatido a tiro, como é feita a maioria dos abigeatos não é própria para consumo. Para quem vai comprar a carne, o primeiro cuidado é que ela não esteja escura, pois isso é sinônimo de carne ruim”.
Dicas para comprar a carne de qualidade
***
- Verificar a cor. Se estiver escura, não está boa para ser consumida. Quanto mais vermelha, melhor.
- Veja não está melada, isso é um indício de carne que não está na temperatura e acomodação correta.
- O estabelecimento tem que estar bem limpo e com a licença da Vigilância Sanitária.
- Verifique a data de fabricação e validade.
- Se a carne tiver um carimbo, é sinal de que ela foi inspecionada e aprovada pela Vigilância Sanitária.
Fonte: http://www.jornalminuano.com.br
A falta de efetivo é um dos grandes problemas da segurança pública na região da Campanha. Tanto a Brigada Militar, que realiza a patrulha rural, assim como o setor de investigações da Polícia Civil estão com déficit de pessoal. “O ideal seria 25 a 30 pessoas para toda a área rural que o município abrange, mas hoje contamos com apenas 12 pessoas nesta função”, enumera o comandante da Brigada Militar, Maurício Homem.
No setor de investigação da Polícia Civil, a situação é semelhante. De acordo com o investigador José Mariano Amaral, não há um aparato específico para os crimes do campo. “Só em 2012, mais de 100 animais foram carneados ilegalmente na região. O aumento decorre da inclusão de quadrilhas, sendo que estas são muito bem organizadas. Estamos bem preocupados”, confirma Amaral.
Conforme o policial, para sucesso no combate ao abigeato, é necessário a criação de um órgão específico para agir. “Prédio, viaturas, armamentos e, principalmente, funcionários para a investigação. Hoje só existe uma e é necessário, no mínimo oito. E isso é preocupante, pois já vimos vários casos de gente que entrou no crime através do abigeato, mas que depois migraram para roubo de equipamentos e tráfico de drogas”, argumenta.
Amaral ainda defende que o abigeato não é apenas segurança pública, é também uma questão de saúde e uma questão social: “os proprietários reduzem a área de pecuária para aumentar a de agricultura, justamente por causa destes delitos, e isso gera desemprego”, desabafa.
Alternativa para poucos bolsos
Os produtores rurais têm buscado a segurança privada como alternativa. Conforme Cláudia Marimon, gerente administrativa de uma empresa de segurança, afirma que há muita procura por orçamentos e que, nos últimos meses, cresceram os pedidos.
O produtor e proprietário de uma empresa de remates em Pinheiro Machado, Fábio Simoni, foi um dos que investiu na segurança particular: “No meu campo, cada vez que pegam é uma leva de 25 animais em média. Da última vez o prejuízo foi de R$ 5 mil. O jeito foi contratar um segurança particular. O investimento é alto, de mais ou menos R$ 1 mil, mas é a única forma de prevenir melhor”. Apesar do alto número de abigeatos na região, Fábio conta que isso ainda não refletiu nos remates: “Mas todas as semanas vem alguém aqui me contando que foi vítima deste crime”, revela.
Porém quem tem uma extensão maior de terras, esta possibilidade é inviável. Uma produtora de gado de Bagé, que prefere não se identificar, já teve cinco animais furtados de sua propriedade só em 2012. “Para a prevenção, fechei porteiras menos utilizadas e coloquei correntes nas demais. No mais, só posso contar com a segurança realizada pela patrulha rural, pois se eu contratar uma particular, vou a falência”, argumenta.
O comandante da BM aconselha aos produtores: “É preciso analisar as pessoas que vão trabalhar na propriedade. O que se percebe é que, muitas vezes, são as mesmas pessoas que cometem o abigeato em diversas regiões. Este é um tipo de crime que vai migrando”.
Conforme a Polícia Civil, os crimes acontecem como se fossem um rodízio, por isso sempre retornam às mesmas propriedades. “É provável que existam participantes de outros municípios. E nos grupos de criminosos geralmente tem alguém que já trabalhou na propriedade da vítima”, explica Amaral.
A Polícia ainda reitera que é fundamental o registro de ocorrência, assim como qualquer suspeita, denunciar e anotar placas de carros estranhos.
Barato que sai caro
Além do prejuízo para quem produz, a carne fruto de abigeato é uma afronta a saúde do consumidor. Isto é, comprar uma carne mais barata, sem saber de onde vem, pode sair caro no futuro, em função das doenças que ela pode provocar. Em muitas ocorrências registradas na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), por exemplo, os produtores expõem que o rebanho foi vacinado há pouco, logo, a carne não pode ser ingerida, por conter substâncias que fazem mal aos seres humanos.
Segundo Carmen Azevedo, proprietária de uma empresa de embutidos, que traz toda a carne que vende direto de um frigorífico em Pelotas, com procedência confirmada, já apareceu pessoas em seu estabelecimento oferecendo carne mais barata, porém sem indicação de onde vem: “O mais comum é oferecerem carne de porco, mas nem dou atenção quando isso acontece. O meu estabelecimento existe há 12 anos, sempre prezando pela qualidade”, adverte.
Ela explica que, para tanto, mantém seus resfriadores sempre na temperatura ideal, que é de sete graus e seus produtos todos constam na embalagem a data de fabricação, embalagem e de onde está vindo.
O açougueiro Venuzino Mendes, há 20 anos na profissão alerta: “animal que é abatido a tiro, como é feita a maioria dos abigeatos não é própria para consumo. Para quem vai comprar a carne, o primeiro cuidado é que ela não esteja escura, pois isso é sinônimo de carne ruim”.
Dicas para comprar a carne de qualidade
***
- Verificar a cor. Se estiver escura, não está boa para ser consumida. Quanto mais vermelha, melhor.
- Veja não está melada, isso é um indício de carne que não está na temperatura e acomodação correta.
- O estabelecimento tem que estar bem limpo e com a licença da Vigilância Sanitária.
- Verifique a data de fabricação e validade.
- Se a carne tiver um carimbo, é sinal de que ela foi inspecionada e aprovada pela Vigilância Sanitária.
Fonte: http://www.jornalminuano.com.br
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