28 de ago. de 2012

Pesquisador apresenta solução inédita para a merenda escolar

O Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional (FDDR) realizou na tarde desta segunda-feira (27), na Expointer, o fechamento das oito audiências públicas promovidas no interior gaúcho nos meses de julho e agosto, através dos Grupos Executivos de Acompanhamento de Debates (Geads) sobre Cadeias Produtivas e Sustentabilidade Ambiental. Durante o evento, foi apresentada uma solução inédita para a merenda escolar e o combate à fome no Brasil: a anchoíta, um pescado cuja pesquisa para o uso comercial foi realizada pelo Instituto de Oceanografia da Fundação Universidade Federal de Rio Grande (Furg). A anchoíta tem uma composição nutricional perfeita e é a única espécie capaz de proporcionar o aumento da produção brasileira de pescado.

Convidado pelo integrante do Gead Cadeias Produtivas e APLs, Tirone Michelin, o pesquisador Lauro Madureira apresentou os resultados da pesquisa com alunos da rede pública em 50 municípios gaúchos. A anchoíta enlatada teve uma aceitação de 70%, constituindo-se na grande alternativa para a sardinha, cuja presença está em queda na costa brasileira, demandando uma importação de cerca de 40 mil toneladas por ano.

De acordo com o especialista, estima-se que no Estado exista um estoque de cerca de 1 milhão de toneladas do peixe, sendo que 100 mil podem ter uma exploração sustentável. Para ser ter uma ideia do que isso representa, a produção total de sardinha por ano é de apenas 60 mil toneladas. A partir da cabeça e vísceras, também podem ser produzidos farinha e óleo. O novo produto poderá reduzir a dependência do Brasil em relação à sardinha e ainda contribuir para o aumento do consumo de peixe pela população.

Prefeituras podem ser principais compradores

A partir da pesquisa, a Furg dominou a tecnologia e chegou a um produto acabado, inclusive com a quantificação dos custos. "Falta apenas o comprador. Quem pode comprar são as prefeituras", recomendou o pesquisador. Segundo ele, o valor da tonelada da anchoíta in natura pode ser estimado entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil. A partir da compra, será iniciada a produção comercial.

Criação da RS Parcerias

O representante do Rotary Club, Tirone Michelin, afirmou que um dos grandes problemas levantados nas audiências públicas no interior tem sido a falta de capacidade de investimento do Estado. Para enfrentar essa questão. o econonmista tem defendido a necessidade de revisão da dívida do Estado com a União, cujo montante era de R$ 11 bilhões, já tendo sido pagos R$ 12 bilhões e ainda restando R$ 40 bilhões para pagar.

Michelin voltou a defender a criação de uma empresa pública de parcerias com um capital inicial igual ao estoque de créditos a receber das prefeituras e órgãos públicos, que, coincidentemente, também é de R$ 40 bilhões. Ele também ratificou a ideia de criação de um instituto de mineração no RS, mencionada pelo público nas audiências de Camaquã e Pelotas.

O coordenador do Gead Cadeias Produtivas e APLs, Ivan Feloniulk, salientou alguns tópicos mencionados nas audiências públicas no interior. Ele falou sobre a falta de apoio para a fruticultura, a necessidade de diversificação agrícola, a presença do Badesul na audiência de Vacaria, os problemas trabalhistas enfrentados pelos produtores de maçã, o desaparelhamento dos órgãos ambientais do Estado, o aumento recente do quadro de técnicos do Departamento de Recursos Hídricos, a necessidade de destravamento das licenças ambientais no Estado e a necessidade de incentivos para a mineração e para a agricultura.

Chuvas irregulares aumentarão

O diretor do Fórum Democrático, Sérgio Sady Musskopf, convidou os presentes para o Simpósio Gaúcho das Águas, que ocorre no dia 15 de outubro, no Teatro Dante Barone, com palestrantes nacionais e internacionais. Com o evento, pela primeira vez, ficarão registrados no Estado trabalhos científicos sobre a água da chuva.

De acordo com Musskopf, estudos da Nasa indicam que vai chover cada vez mais no planeta, mas de forma crescentemente irregular. "Teremos de aprender a segurar a água onde ela cai", alertou. O especialista afirmou que é necessário manejar a água nas bacias hidrográficas gaúchas de maneira que ela se infiltre no solo e, assim, contribua para diminuir as inundações e aumentar a capacidade do Aquífero Guarani.

Redator: Secom

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