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Polícia Federal apreendeu um revólver calibre 38 na casa do vereador
Adão Lemes Prestes; suspeito responderá ainda por porte ilegal de arma
Um dia antes de completar um mês dos assaltos a
duas agências bancárias, que espalharam terror pelo Centro de Pedras
Altas, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão preventiva concedidos
pela Justiça de Pinheiro Machado e deteve quatro suspeitos de envolvimento nos
roubos. Dois homens e duas mulheres. Todos presos no assentamento Nossa Senhora
da Glória, no 4º distrito. Um deles é o vereador e atual vice-presidente da
Câmara, Adão Lemes Prestes (PT), conduzido provisoriamente ao Presídio Central
de Porto Alegre. Até a operação de terça, mais de 50 policiais da capital, de
Santa Cruz do Sul, de Herval e de Bagé participaram das investigações, que
ainda não chegaram ao fim.
A ação confirma um
dos temores da comunidade: a possibilidade de moradores da pacata Pedras Altas,
de pouco mais de 2,2 mil habitantes, terem ajudado a arquitetar os assaltos,
que custam a sair da memória de quem se viu como refém, em meio a tiros, feridos
e chamas. Na última segunda-feira, o Diário Popular voltou ao município - a
cerca de 140 quilômetros de Pelotas - e encontrou dois cenários. Os sinais dos
disparos seguem nas paredes e os armários ainda guardam os estilhaços de bala.
A principal marca, entretanto, vai além dos estragos às instituições bancárias
e pode ser conferida pelas ruas, com cidadãos que criam novos hábitos - fecham
a porta de estabelecimentos mais cedo e anotam placa de veículos estranhos - e
passam a conviver com o sentimento de desconfiança e receio.
A balconista
Fernanda Costa, de 28 anos, não nega: a partir das 18h, conforme anoitece,
passou a fechar a porta da farmácia e permanecer acompanhada. "Tenho
procurado não ficar sozinha, uma preocupação que eu não tinha antes",
afirma. "Como o caso não tá totalmente esclarecido e temos dúvida se tem
envolvimento de alguém daqui, a gente fica mais atenta", reforça, depois
de ouvir comentários de que a fuga da quadrilha teria sido facilitada por quem
dominaria o quebra-cabeça dos caminhos do interior. Uma tese carimbada na
terça.
No supermercado, a
atendente de caixa Jaci Tardiz da Silva, de 64 anos, mantém o lema da
precaução. Ao verificar alguma movimentação suspeita, não perde tempo. Logo,
anota a placa do veículo e troca informações com outros comerciantes para
tentar saber quem é e o que faz na cidade. "Como tem um pessoal
trabalhando na estrada aqui perto, às vezes, aparece alguém diferente. E,
depois de tudo aquilo, todo o cuidado é pouco", resume.
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