22 de mai. de 2013

Presos por assaltos em Pedras Altas serão indiciados por roubo e formação de quadrilha

A Polícia Federal apreendeu um revólver calibre 38 na casa do vereador Adão Lemes Prestes; suspeito responderá ainda por porte ilegal de arma


Um dia antes de completar um mês dos assaltos a duas agências bancárias, que espalharam terror pelo Centro de Pedras Altas, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão preventiva concedidos pela Justiça de Pinheiro Machado e deteve quatro suspeitos de envolvimento nos roubos. Dois homens e duas mulheres. Todos presos no assentamento Nossa Senhora da Glória, no 4º distrito. Um deles é o vereador e atual vice-presidente da Câmara, Adão Lemes Prestes (PT), conduzido provisoriamente ao Presídio Central de Porto Alegre. Até a operação de terça, mais de 50 policiais da capital, de Santa Cruz do Sul, de Herval e de Bagé participaram das investigações, que ainda não chegaram ao fim.
A ação confirma um dos temores da comunidade: a possibilidade de moradores da pacata Pedras Altas, de pouco mais de 2,2 mil habitantes, terem ajudado a arquitetar os assaltos, que custam a sair da memória de quem se viu como refém, em meio a tiros, feridos e chamas. Na última segunda-feira, o Diário Popular voltou ao município - a cerca de 140 quilômetros de Pelotas - e encontrou dois cenários. Os sinais dos disparos seguem nas paredes e os armários ainda guardam os estilhaços de bala. A principal marca, entretanto, vai além dos estragos às instituições bancárias e pode ser conferida pelas ruas, com cidadãos que criam novos hábitos - fecham a porta de estabelecimentos mais cedo e anotam placa de veículos estranhos - e passam a conviver com o sentimento de desconfiança e receio.
A balconista Fernanda Costa, de 28 anos, não nega: a partir das 18h, conforme anoitece, passou a fechar a porta da farmácia e permanecer acompanhada. "Tenho procurado não ficar sozinha, uma preocupação que eu não tinha antes", afirma. "Como o caso não tá totalmente esclarecido e temos dúvida se tem envolvimento de alguém daqui, a gente fica mais atenta", reforça, depois de ouvir comentários de que a fuga da quadrilha teria sido facilitada por quem dominaria o quebra-cabeça dos caminhos do interior. Uma tese carimbada na terça.
No supermercado, a atendente de caixa Jaci Tardiz da Silva, de 64 anos, mantém o lema da precaução. Ao verificar alguma movimentação suspeita, não perde tempo. Logo, anota a placa do veículo e troca informações com outros comerciantes para tentar saber quem é e o que faz na cidade. "Como tem um pessoal trabalhando na estrada aqui perto, às vezes, aparece alguém diferente. E, depois de tudo aquilo, todo o cuidado é pouco", resume.

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