Enviado por Miguel Régio
Aos criadores e apreciadores:
Estou aqui lendo
vossos comentários nas diversas redes sociais e, infelizmente, não vi
nada que possa realmente ajudar no trabalho que estamos fazendo em prol
da raça Ovelheiro Gaúcho. Sou criador há mais de vinte e cinco anos e
sempre achei que devíamos preservar esse pilar do Rio Grande do Sul, que
junto com o cavalo crioulo, e o próprio gaúcho, foram as bases de todas
as estâncias antigas e atuais; que, com seu trabalho conjunto e quase
fraterno permitiam o desenvolvimento do trabalho duro das lides
campesinas, compondo o lastro de nossa cultura e o esteio de nossa
economia pelos séculos que passaram .
No meu entender,
o primeiro passo já foi dado, que é a preservação da raça, tal qual foi
forjada nos evos do tempo e nas agruras dos invernos e verões sulinos,
evitando que a miscigenação com raças estrangeiras de introdução mais
recente coloquem a perder o que a natureza criou.
O
segundo passo, pelo menos no meu trabalho, foi a seleção do padrão,
tanto que o reprodutor de nosso canil, Kusko do Coxilha do Império, é
neto e bisneto de animais próprios. Esse padrão almejado reúne as
características morfológicas antigas e admiradas, assim como a aptidão
para o trabalho, para a guarda dos cavalos e arreios, e também para a
companhia do dono, muitas vezes solitário na vastidão das coxilhas ou no
aconchego dos vazios dos galpões. E, não podemos esquecer até mesmo a
defesa “das casas” contra visitas indesejadas e ameaças externas.
O terceiro passo seria a seleção pela capacidade de sua
multifunção laboral, respeitando as aptidões próprias de cada animal,
que como as pessoas, têm suas preferências específicas, e, é sábio
aquele que sabe usá-las no proveito do treinamento.
Em
quarto lugar, vejo a divulgação como elemento de afirmação da tendência
natural de preservação de nossas tradições, entre as quais incluo o
Ovelheiro como uma das mais fortes na composição de nossa cultura
regional. Acho que estamos nessa fase atualmente, mas também vejo com
tristeza que estejamos nos perdendo em disputas inúteis e comparações
improdutivas, pois não devemos alimentar a vaidade de querermos ser os
donos da verdade ou da melhor raça. Nós criamos Ovelheiros Gaúchos, e
isso nos basta, ser criador não é uma religião, se alguém preferir o
Border, ou o Collie, tudo bem, é para isso que se desenvolveram mais de
340* raças diferentes, e outras em ainda em fase de busca de
reconhecimento internacional, como é o nosso caso.
E,
por último, acho que devemos sempre procurar somar forças com todos
aqueles que optam pelo ovelheiro, seja por rações racionais ou
sentimentais, aceitando opiniões diversas de criadores e admiradores da
raça, pois juntos iremos crescer, valorizar e aprimorar a raça em seus
múltiplos aspectos; porém, sempre respeitando quem pensa diferente, não
evidenciando divergências e alimentando mazelas ou preferências
pessoais.
O Ovelheiro Gaúcho agradecerá nosso trabalho,
nosso apreço, nosso carinho e nossa civilidade em prol do bem maior,
que é a sua afirmação definitiva no cenário cinófilo e no coração dos
gaúchos.
* http://cachorro.me/quantas-racas-existem-no-mundo.html
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