Uma paralisação geral dos servidores públicos do Estado na próxima
segunda-feira (1) é uma das primeiras ações da categoria em resposta ao
parcelamento dos salários, anunciado no final da manhã
de sexta-feira (31) pelo Palácio Piratini. No início da manhã de
segunda, às 8h, representantes do Movimento Unificado dos Servidores
Públicos irão bloquear as entradas de acesso ao Centro Administrativo
Fernando Ferrari (CAFF), em Porto Alegre, para evitar que
os funcionários possam ingressar no prédio e trabalhar. “Nós vamos
impedir que as pessoas subam”, adiantou o diretor do Sindicato dos
Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Sindsepe-rs), Luiz Augusto
Ferreira. A orientação é para que todos os trabalhadores de órgãos do
governo, tanto na Capital quanto no interior, parem, contudo sem
prejudicar os serviços que são essenciais à população.
Os professores de todo o Rio Grande do Sul também irão cruzar os
braços. Por orientação do Comando dos Professores do Rio Grande do Sul
(Cpers/Sindicato), não haverá aulas na segunda-feira e os próximos dias
serão de períodos reduzidos – até 18 de agosto, quando haverá uma
assembleia geral que poderá deflagrar uma greve. Nesse período, os
mestres irão esclarecer os alunos sobre a situação e a possibilidade de
greve. Depois do dia 1° de agosto, o Cpers o calendário de paralisação
terá continuidade nos núcleos do interior do Estado.
Mas a paralisação de maior impacto à sociedade deverá ser a da
segurança pública. Assim que foi confirmado o parcelamento de salários, a
Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), que representa os
servidores de nível médio da Brigada Militar, anunciou que, após uma
reunião envolvendo nove entidades de servidores da corporação, foi
convocado para segunda-feira “o aquartelamento” da Polícia Militar e do
Corpo de Bombeiros.
“A recomendação é que os policiais só saiam para o atendimento de
emergências e retornem para o quartel”, disse o secretário-geral da
Abamf, Ricardo Agra. Conforme o representante da associação de cabos e
soldados, ainda não é possível calcular o percentual dos servidores da
BM e dos Bombeiros que irão aderir ao aquartelamento na segunda, mas já
existe a recomendação de que a população fique em casa nesse dia.
“Estamos pedindo para a nossa sociedade que as pessoas não abram os seus
estabelecimentos comerciais e que fiquem em casa para se resguardar”,
aconselhou Agra.
Na nota assinada pelas nove entidades que participaram da reunião, os
seus representantes também recomendaram a população a ficar em casa na
próxima segunda-feira. “Orientamos a população do Rio Grande do Sul, que
vê a criminalidade se alastrar diariamente, que não saiam de suas
residências na segunda-feira”, dizia um trecho da nota.
Já a Polícia Civil atenderá na segunda-feira apenas as ocorrências
envolvendo crimes contra a vida. “Não faremos mais nada”, avisou o
presidente do Sindicato de Escrivães, Inspetores e Investigadores da
Polícia (Ugeirm), Isaac Ortiz. Conforme ele, os servidores irão
permanecer de braços cruzados nas delegacias. “A revolta é muito grande
na Polícia Civil. Caminhamos para um fim temerário”, alertou o
sindicalista.
Na sexta-feira (31), o governo do Estado pagou integralmente só os
servidores que recebem até R$ 2.150. Esse valor atingiu apenas 15,1%
dos profissionais da área de segurança, segundo dados do Piratini.
Depois da repercussão da nota das entidades que representam essas
categorias, a Secretaria da Segurança Pública divulgou uma nota com o
fim de tranquilizar a população. A pasta disse que “compreende a
situação” dos servidores da área, contudo afirmou que “possui plena
confiança de que o efetivo manterá o atendimento à população.”
A nota informou, ainda, que a Secretaria de Segurança acompanha de
forma permanente da situação e “avaliará cada caso antes de tomar uma
decisão”. Por fim , a nota destaca que o diálogo “segue aberto” com as
entidades.
Dados da receita de julho apresentados pelo governo do Estado
Impostos estaduais (ICMS, IPVA e outros) – R$ 1, 5 bilhão – queda: de R$ 50 milhões
Transferências da União (FPE, Lei Kandir, IPI-exportação) – R$ 100 milhões – queda: R$ 24 milhões
Recursos vinculados (Fundeb, salário-educação, outros) – R$ 342,9 milhões
Outras operações – R$ 53 milhões
Pagamentos pendentes do mês de julho
Parcela da dívida com a União – R$ 280 milhões
Repasses/fornecedores – R$ 160 milhões
Pagamentos feitos no mês de julho
Duodécimo (Recursos) de outros poderes e órgãos – R$ 291, 3 milhões
Serviços de saúde – R$ 133 milhões
Rendimentos de depósitos judiciais – R$ 99,5 milhões
Sequestro RPV,s/medicamentos – R$ 99,2 milhões
Precatórios e RPV,s – R$ 47, 2 milhões
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