16 de set. de 2015

Cacimbinhas x Pinheiro Machado: uma pendenga centenária

Livro retrata mudança do nome da cidade onde viveu o assassino do senador gaúcho
O município de Pinheiro Machado completa neste 2015 um século sob essa denominação. O que nem todos sabem, porém, é que a antiga Cacimbinhas perdeu o nome original numa espécie de desagravo por ser a terra em que Francisco Manço de Paiva Coimbra, o assassino do senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, havia passado a infância e a adolescência. Esse episódio e suas consequências são temas de “A guerra de Cacimbinhas”, livro do jornalista e professor universitário Luiz Antônio Nikão Duarte, a ser lançado às 18h desta sexta-feira, 18 de setembro, na Câmara de Vereadores de Pinheiro Machado.
 
 
O texto, no formato de uma linha do tempo, aliando recursos jornalísticos e literários, aborda os acontecimentos decorrentes da decisão de mudar o nome do município, tomada unilateralmente pelo intendente provisório. Embora na sua maioria correligionários do senador e das lideranças estaduais do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), como o presidente estadual Borges de Medeiros, os próceres políticos cacimbinhenses se sentiram alijados e, particularmente, irritados com os considerandos apontados como justificativa para homenagear o senador vitimado, porque desmereciam a história municipal.

Com pesquisas realizadas na imprensa da época e nos arquivos do Rio Grande do Sul, Nacional e do Congresso Nacional, aliadas a entrevistas com descendentes das pessoas que se envolveram na chamada “guerra” de Cacimbinhas, entre 1915 e 1916, o autor descreve os fatos reais e a luta malsucedida pela retomada do nome original do município. Os cacimbinhenses da segunda década do século XX pegaram em armas em defesa de suas posições, depuseram e expulsaram o intendente afoito e transmitiram às gerações seguintes o imaginário do ideal derrotado, mas jamais esquecido. 

Talvez por isso, o município que leva o nome de Pinheiro Machado pouco cultue a fascinante personalidade do gaúcho que mais influência teve nos destinos brasileiros até o surgimento de Getúlio Vargas – da segunda geração de republicanos sul-rio-grandenses. Para o autor, assim como Cacimbinhas não merece a culpa pela insanidade de Manço de Paiva, ao político Pinheiro Machado é injusto impor o esquecimento.

Os valores da arrecadação com a venda do livro em Pinheiro Machado serão repassados à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) local.
SERVIÇO 
O quê: lançamento do livro “A guerra de Cacimbinhas”, de Luiz Antônio Nikão Duarte
Quando: dia 18 de setembro, às 18h.
Onde: Câmara Municipal de Pinheiro Machado – R. Humaitá, 424
Quem: além do autor, estará presente à sessão de autógrafos o presidente da Associação Rio-grandense de Imprensa, João Batista de Melo Filho, que nos anos 1950 residiu em Pinheiro Machado. A entidade, fundada por Erico Verissimo, está completando 80 anos em 2015.
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Bernardo Duarte
Jornalista (14.670/RS)
51 8182-5161

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