17 de set. de 2015

Lanceiros Negros: bravos guerreiros farroupilhas!

Escrito por César Jacinto

Talvez tivessem outra sorte, se não fosse a armadilha no cerro de Porongos, na madrugada do dia 14 de fevereiro de 1844, mais precisamente, às 2h, quando sucumbiam perante covarde e tamanha traição centenas de bravos guerreiros, da tropa de elite de Canabarro, que ficaram historicamente conhecidos como Lanceiros Negros.
 
É o nome consagrado aos grupos de infantaria, formado por negros que lutavam em troca da sua liberdade e pelo ideal da república rio-grandense. Corajosos e destemidos, eram respeitados pelo exército inimigo (imperial). Giusepe Garibaldi afirmou que nunca havia conhecido guerreiros tão bravos em sua trajetória de guerras pelo mundo. 
 
Participaram de grandes campanhas durante a Revolução Farroupilha, dentre elas a proclamação da república rio-grandense no campo dos Meneses, na localidade do Seival, hoje município de Candiota, comandados por Joaquim Pedro Soares e subcomandados por Teixeira Nunes.
 
Os primeiros corpos de lanceiros foram formados a partir do recrutamento de domadores e tropeiros, principalmente das charqueadas de Pelotas. Utilizavam lanças, adagas e facões com extrema habilidade, contavam mais de 400 homens. O vestuário era constituído de sandálias de couro cru, chiripá de tecido robusto e colete que recobria o corpo, braçadeira vermelha. Também eram hábeis cavaleiros.
 
A ressignificação dessa história tem levado alguns historiadores para o entendimento de que não foi apenas uma surpresa o que aconteceu naquela famigerada noite de setembro, no Cerro de Porongos, mas um arquitetado massacre, cumprindo, segunda a carta já mencionada, o acordo com os imperialistas, para que não poupassem os combatentes negros da infantaria farrapa.
 
Além deste novo olhar quanto à participação dos Lanceiros Negros nas engendradas batalhas da Revolução Farroupilha, busca-se o reconhecimento público e interinstitucional da preponderante e fundamental participação desses guerreiros na construção destas terras do sul. Terras onde estão as praças, ruas, centros culturais, centros de tradições gaúchas referenciando a bravura incontestável desses heróis de todo o povo gaúcho. Quem e a partir de quando começarão a dar voz a esses contra-hegemônicos guerreiros da liberdade e da justiça?

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