24 de fev. de 2010

Buscando Rumos: Pronomes de tratamento

Por Luiz Henrique Chagas da Silva
Colunista do Blog

Já nos primeiros anos de vida, nossos pais, ainda que fossem absolutamente analfabetos, começavam a impregnar nossas mentes com pronomes de tratamento. Primeiramente, faziam-nos entender que aos mais velhos e às autoridades, deveria ser completamente abolido o "tu", isto é, mandavam-nos "dobrar a língua", no mínimo "senhor, senhora", mas "tu", jamais.

Nas organizações militares, o procedimento acima é mais notório ainda, pois mesmo tratando-se de uma pessoa de menos idade, porém com um cargo superior, não se admite o tratamento "tu". Com o passar dos anos, vamos aprendendo que no mundo civil as coisas não são bem assim, e o pronome de tratamento quase nunca se altera em razão do cargo, da função ou ainda de atribuições, especialmente na área pública, onde, tenho para mim, que ninguém "é", mas "está" e portanto, não é com o pronome de tratamento que se identifica ou se conquista uma liderança e o respeito dos demais.

Tive inúmeras oportunidades que ver pessoas que se sentiam ofendidas por não serem tratadas com "senhoria" em razão do cargo que momentaneamente estavam ocupando, e que, em contrapartida, usavam chamar a todos os demais por "tu". Consideravam até mesmo desrespeito ser tratado na segunda pessoa, mas a competência e o exemplo que apresentavam não refletiam aquilo que exigiam dos demais, e desta forma, os vi passar, sem deixar ou levar nada, como se não tivessem passado e este é o grande castigo daqueles que não conseguem identificar nos outros aptidões, competência e sabedoria.

É sabido e já ensinado por Gaspar Silveira Martins, grande político da história brasileira, que os homens passam, mas seus atos e suas realizações. Estas não, estas ficam para a posteridade, evidenciando que não é pronome de tratamento que faz o homem, mas o homem faz o pronome de tratamento. Conta-se a historia de uma rainha que mandava castigar seus súditos que não mencionassem seu nome sem precedê-lo do tratamento "Sua Majestade" e que, no entanto, não era capaz de cumprir sequer com suas obrigações junto ao reinado, sendo um péssimo exemplo de comportamento, porém um ótimo exemplo de soberba, prepotência e incapacidade, restando um ensinamento: não se pode exigir ser tratado como rei, quem se comparta como a plebe.

Luiz Henrique Chagas da Silva Henrique é editor do Blog Tu Já Sabia e radialista nas horas vagas. Nascido em Herval, mas pinheirense por opção, assina a coluna Buscando Rumos.

Um comentário:

Marilete disse...

E o que dizer das "Vossa e/ou Sua Excelência" da Câmara dos Deputados e do Senado"?