Por Nadiane Momo
“Diga-me com quem andas que te direi que és”. Esta frase já era e pode, tranquilamente nos dias de hoje, ser substituída por “deixe-me olhar o teu Orkut e te direi quem és”. Claro, que para uma análise mais profunda as informações ali contidas são superficiais, mas dá para se ter uma ideia de quem está por traz daquele perfil, a partir de uma observação atenta as frases e fotos postadas.
Muitas pessoas, talvez a maioria, tem a extrema necessidade de se autoafirmarem, ou seja, de mostrar para as demais o quão são bonitas, ou inteligentes, ou o quanto viajam, têm amigos e pessoas que a amam. A autoafirmação é também relacionada a vaidade, o desejo de propor oportunidades de ser elogiado e até mesmo de provocar inveja.
Há várias maneiras de identificarmos esta carência, é só vermos as fotos de corpos e rostos, pedindo a frase: ai que linda! Ou então de um beijo com o namorado/marido/ficante/etc com a legenda Casal Perfeito, Amor Eterno! Olha se existe mesmo casal perfeito que bom, mas a realidade de qualquer relacionamento é muito diferente, existem pessoas que se amam muito com certeza, mas mesmo assim há dificuldades na convivência, nos ideais, enfim, qualquer forma de relacionamento, tanto um amoroso como uma amizade ou até mesmo com os colegas de trabalho tem seus pormenores e isso não é pessimismo, é realidade e se sai bem, quem melhor consegue conviver com as diferenças. Agora, quanto ao eterno, quem não quer? Mas infelizmente, não depende apenas do casal, mas de todo um contexto.
Há também os perfis/vítimas, daquelas pessoas que querem expor que passam ou passaram por dificuldades, mas, querem mostrar, mesmo muitas vezes sendo mentira, que superam tudo e são dignas de aplausos. Por isso, mostram processos operatórios, de emagrecimento, de vida nova após um ‘pé na bunda’, ou de perder o emprego. Há também os que afirmam serem os mais invejados, nossa, como se fossem os ícones da cidade!. Há os que tem Orkut mas não admitem que caíram na onda virtual, e colocam uma florinha, carrinho ou bebezinho no perfil para não se expor. Poxa, fala sério?! Não se expor!!!! Por que fez um perfil então?!. Confesso, não consigo entender.
Em uma entrevista, uma pesquisadora sobre o tema, falou que o Orkut atua como uma “plataforma hiperespetacular de publicação de sujeitos” na qual cada perfil é um canal de acesso imediato à autoestima e à autoimagem, pois representa, promove e celebra o “eu". Conforme a especialista não por acaso, o encerramento da conta na plataforma é sentido como uma espécie de morte, o ‘orkuticídio’.
Ela exemplifica que quando se ‘adiciona amigos’ é uma forma de responder mais à necessidade de compor uma “audiência cativa” do que propriamente estabelecer laços com o outro.
Tanto é complexa a abordagem do tema que, muitos profissionais da área da psicologia, sociologia, entre outros, não uma mera jornalista “metida” como eu estão estudando sobre o assunto. Minha análise é superficial e empírica, mas, sugiro que as páginas e perfis, tanto sua como as dos teus amigos, sejam observados com esta óptica mais crítica, para ver, como há mais verdades neste texto do que possas imaginar.
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Um comentário:
Muito interessante o teu artigo!! digno de ser estudado os aspectos sociológicos que colocas, não só do orkut, mas blogs, twitter e tudo o que envolve a tecnologia virtual.
Sabe... fiquei analisando o meu orkut... e tirei várias conclusões a meu respeito.
Quanto as outros orkuteiros penso que cada um quer ser reconhecido e amado, neste nosso mundo tão conturbado, no fundo, no fundo todos somos iguais queremos a atenção e amor das pessoas.
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