Agora de férias, paro pra pensar em como foram os nove meses morando em outra cidade. De repente me vi numa nova realidade e precisei me adaptar. O mais estranho não foi o ambiente em que eu passava a maior parte do dia (em casa), mas sim, o ambiente externo. A rua, as pessoas, as situações... O meu primeiro texto aqui no blog falava exatamente sobre a diferença entre Pelotas e Pinheiro, basicamente. Meses depois, eu vejo isso de uma maneira mais ampla e talvez com mais detalhes a compartilhar.
Durante esse tempo, eu ia praticamente uma vez por semana na mesma lavanderia e era atendida sempre pela mesma mulher, toda a semana era a mesma coisa: eu levava as roupas e ela perguntava o meu nome. Tudo bem. Sabem-se lá quantas pessoas passam ali no decorrer da semana e eu era só mais uma, ela não tinha porque saber o meu nome. Outra situação acontecia na padaria: nessa eu ia praticamente todos os dias, às vezes até mais de uma vez e sempre fui bem atendida...
Comecei a reparar que o cara que me atendia, depois de um tempo começou a se referir a mim como “minha amiga” e confesso que me sentia quase como se estivesse em Pinheiro, parecia que ele já me conhecia. Mas não. Ele referia-se dessa maneira com todos que chegavam ali. Ok, ele precisa ser simpático... É o trabalho dele. Então, eu chegava ao caixa do mercado e já tinha visto diversas vezes aqueles mesmos funcionários, mas eu não era vista por eles. Educados com o mesmo “bom dia, tudo bem?” de sempre, mas nunca querendo realmente saber se a gente estava bem ou não; foi preciso me acostumar, educação é praticamente obrigação de quem trabalha com o público.
Não, eu não estava procurando ser amiga dos atendentes. De certa forma, eu ia aos mesmos lugares procurando “estar em casa”, me sentir a vontade mesmo, como sempre me senti aqui em Pinheiro. Mas é completamente diferente...
Quase nunca a gente diz que vai em tal loja e sim, que vai na loja do fulano (seja ele o dono ou um dos funcionários). Não levamos o computador pra arrumar na loja tal, localizada na rua tal; levamos no Benê, por exemplo. E isso, de certa forma, é estar em casa. Aqui tratamos com pessoas e não com robôs programados para atender a todos da mesma maneira, que fazem as mesmas perguntas e só. Por ser um lugar menor e por sermos conhecidos seja pelo nosso trabalho, pelos nossos pais e referências do tipo, acabamos criando um laço até no comércio e não somos tratados apenas como mais um.
Não dá pra generalizar, não são todos os lugares aqui em que nos sentimos à vontade e gostamos de comprar. Mas em uma grande parte, a gente chega, é bem atendido e aquele “bom dia, tudo bem?” muitas vezes expressa sentimento de quererem saber mesmo se estamos bem. A relação não fica só nisso, podemos ser amigos, parentes ou apenas conhecidos e embora ali sejamos atendente/cliente, de certa forma, sentimos como se estivéssemos na nossa própria casa.
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10 comentários:
Parabéns pelo texto, simples e de bom gosto, um relato de uma jovem que busca mais, o crescimento e mais importante OBSERVA!! muito legal, adorei!
Concordo integralmente.Nada melhor que estar em casa.Eu, pessoalmente, até qdo chego de viagem me dá um certo prazer qdo avisto o trevo de pelotas e penso: finalmente em casa.Nada melhor que sair na rua também e ver, como te vi hoje pela manhã e pensar: que legal, a Gislene tá de férias e a Gislaine deve estar mt feliz por ela estar em casa.Assim como eu qdo. tds os filhotes estão em férias e em casa...mesmo que somente um more fora. As vezes nem damos tanta importância a essa vida de cidade do interior, nem notamos que qdo estamos em outros lugares somos apenas mais um na multidão.Maravilhoso teu texto, parabéns. A gente só dá real importância as coisas quando não as tem, mas nesse caso a valorização é válida.bjos.
Parabéns pelo texto, excelente!!!
Sempre teve bom gosto nos teus assuntos... Abraço Bibiana
Ótimo texto. Reflexão interessante. Mosta que tudo na vida tem seus dois lado. Cidade pequena dizem que é uma droga, não tem lazer, etc...mas tem amizade. Cidade grande tem tudo, mas tem também a frieza a robotização. Enfim, mais uma vez, a vida é feita de escolhas...beijos.
Teu texto me chamou a atenção,pois foi uma situação que eu vivi. Morei dois anos e meio em Pelotas , quando cursava a faculdade de História. Para mim Pelotas é uma cidade grande, outro ritmo. É difente, há mais diversidade de estilos, de posições políticas, de festas, etc..Mas nem tudo é impessoalidade, o cara do restaurante em que eu almoçava já batia papo comigo apesar de não saber o meu nome. Na cidade maior,na minha opinião ser um anônimo na multidão é bom e ruim ao mesmo tempo. Eu curti morar em Pelotas, como também sou feliz aqui em Pinheiro Machado.Concluo, dizendo que se sentir bem em grande parte talvez seja um estado de espírito.
Muito bom o texto Gislene.
Eu, particularmente, adoro Pelotas e gostaria muito de morar lá. É uma cidade que tem tudo que me interessa. Coisa que, infelizmente, não podemos contar na nossa querida cidade.
Também observo muito essas coisas. Adoro me relacionar bem com as pessoas e no comércio é bem como tu disse, parecem ligados no automático.
Como meu filho está fazendo intercâmbio da UFPEL tinha 3 estudantes colombianos no apartamento em que o Dudu mora em Pelotas e, sempre me preocupei, não em tomar o lugar da mães deles, mas de ajudar em tudo que eles precisassem, da mesma maneira que eu gostaria que fizessem com ele lá em Portugal.
Não vejo problema em ser simpática, ou ajudar as pessoas mesmo que não as conheça. Acho que é isso que acontece, as pessoas tem medo de se relacionar, pois na cidade grande ninguém sabe quem é quem. Não é como aqui na nossa amada terrinha que conhecemos todo mundo pelo nome.
magnifico texto;
tambem sinto saudade de casa (quando digo casa, me refiro tambem a Pinheiro);
tambem sinto uma euforia quando vejo o trevo d pelotas, e quando passo dele e vou me aproximando cada vez mais da nossa querida cidade, quando começo a ver mudar a vegetaçao, o solo ja vai ficando mais argiloso, ai quando chego, dou aquela respirada bem fundo e penso: voltei, e confesso que nunca quero ir, depois que chego nao quero mais voltar, a vontade é de largar tudo que conquistei nesses seis anos e meio;
Mas por aqui fiz amigos e diga de passagem que nao sao poucos, alguns, conterraneos, cito nomes: Jonatas e Mariana, Marcelo (vulgo grossura), Délcio, Palyto (quem nao conhece), meu irmao Patric, meu primo Diego (formiga), Gesiel (o cara trouce até o seu fuquinha e ainda tem placa de Pinheiro) e outros que nao citarei, dai podemos dizer que temos um pedacinho de "casa" aqui.
frequanto lugares que me chamam pelo nome e sempe acompanhado por aquele "seja bem vindo" e as pessoas me conhecem e querem ser minhas amigas e quando perguntam como estou ou como foi meu dia, acredito que realmente elas queiram saber sobre mim;
Porem, assim foi o meu destino, parar aqui, assim como muitos amigos que foram para outras cidades, e acredito que se sintam uns peixes fora "d'agua";
Mas por aqui ja coloquei novos membros na minha familia, fiz novos amigos e na minha cabeça e no meu coraçao estara sempre guardado a minha cidade Pinheiro Machado
Parabéns Gislene pelo texto,por isso que amo morar em Pinheiro e não pretendo sair daqui,gosto de cumprimentar todas as pessoas e quando vou numa cidade maior esqueço desse detalhe e cumprimento as pessoas e ficam parece assustadas,só o trabalho aqui é que é um pouco complicado, mas tudo tem um jeito.
Giis, me sinto da mesma forma em relação a Candiota, tenho essa mesma sensação, me sinto a vontade e em casa, dificilmente nos referimos ao nome da loja em que vamos e sim ao nome do dono ou de algum funcionário como escrevesse. Cidades pequenas são as melhores, ainda não entendem pq gosto tanto de Candiota haha
show!
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