
Por Luiz Henrique Chagas da Silva
Vendo se aproximar o desfecho ou pelo menos a localização da funcionária pública municipal de Candiota, desaparecida desde fevereiro, e que foi encontrada morta e carbonizada próximo ao aeroporto de Bagé, recordei-me do que me dissera um amigo quando o caso foi divulgado, praticamente no mesmo dia em que ocorreu o desaparecimento: “Isso é reflexo dos casos acontecidos em São Paulo e Rio e batidos pela imprensa”. Será que estava errado?
Tivemos praticamente quinze dias em que redes de televisão não falavam outra coisa senão do “Caso Mércia” e hoje ficamos a nos perguntar: que fim levou o tal de Dr Mizael? Foi preso? Está solto, em que situação? Quer dizer, surge novo caso e esquecem o anterior, claro que é preciso entender que a mídia precisa estar atualizada, mas poderia manter informada a população dos resultados das investigações tão badaladas. E o caso do goleiro do Flamengo e os demais que com ele foram presos, como está?
Os casos mencionados anteriormente tem em comum que as vitimas eram mulheres e que foram alvo de ações de verdadeira monstruosidade, a primeira comprovadamente e a segunda presumidamente, uma vez que não foi encontrada. O certo é que os autores desses crimes serão esquecidos pela mídia e por nós, Zé Povinho, e se presos, em qualquer domingo desses serão soltos para visitar seus parentes e em outro, muito em breve, estarão em liberdade, ao passo de que os familiares das vitimas continuarão por intermináveis domingos a chorar a perda de alguém que, a única culpa que teve, foi ter se envolvido com verdadeiros marginais disfarçados pelo dinheiro.
Restam-nos alguns questionamentos: será que a prática desses crimes, mais chocantes se praticado contra mulheres, mas que são corriqueiros nos conhecidos “fornos microondas” estão sendo escolhidos pelos criminosos por não acreditarem na capacidade dos nossos profissionais de investigação, dos órgãos de pericia técnica? Pela quase certeza da impunidade? Por terem percebido a brandura e a benevolência da Lei de Execuções Penais? Ou porque tem certeza de que terão a mídia sempre ao seu lado, como é caso de tantos presos no Brasil, que sempre que são movimentados é montado em grande aparato policial, com ampla divulgação da imprensa, para que? Para dar notoriedade as autoridades que estão realizando a operação ou para que seus comparsas tomem conhecimento do local para onde o “chefe” está transferido?
Por que não fazê-lo de forma sigilosa, o que não significa “as escondidas”, o que é próprio de quem comete irregularidade, mas sim, sem alardeio, sem publicidade, mas com o conhecimento de todas as autoridades que de fato tenham que saber de tais procedimentos?
Para meditar: "A distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração." - T. Merton
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