13 de set. de 2011

Observar e Reagir: Na terra da ovelha

Por Vera Oliveira

Tenho carteira de artesão. Mexo com fios, de todas as fibras e texturas e, no frio preto das Cacimbinhas, também conhecida por “Terra da Ovelha”, a lã é matéria prima indispensável. Pois bem, tenho acompanhado notícias que nos dão conta de que o governo municipal em parceria com o Estadual está desenvolvendo programas e atividades no sentido de revitalizar à ovinocultura local.

Acho mesmo que alguma coisa deve ser feita, e cito, dois exemplos, onde, imagino, a produção ovina (carne e lã) pode ser melhor trabalhada. Vejamos: na Feovelha, deste ano, há poucos metros de onde o Governador do Estado, sua comitiva, convidados, mais as autoridades locais (públicas e privadas), engraxavam os bigodes em um suculento churrasco de ovelha (vide fotos no site do sindicato rural), no pavilhão do artesanato, expositores lamentavam não poder fazer o mesmo pela absoluta falta do produto, pela inexistência, na feira, de um ponto de comercialização de carne de ovelha. Acrescentaram, ainda, que poucos estabelecimentos gastronômicos serviam pratos utilizando a cobiçada iguaria. Comprovei, mais tarde, enquanto aguardava o início da Comparsa, a veracidade do que falaram, ao degustar um churrasquinho de porco, na falta do enfiadinho no palito de carne de ovelha.

Imaginem, os senhores, uma festa, onde a iguaria singular, o prato principal não esteja disponível para todos os convidados que, por gosto e vontade, assim desejem consumi-lo. Imaginem a festa da melancia sem melancia, a Fenadoce sem doce! Sugiro, aos organizadores do evento, que incluam na gastronomia da festa, o uso obrigatório de carne de ovelha por todos os estabelecimentos conveniados, senão de forma exclusiva, ao menos como opção de cardápio, contemplando, dessa forma, todos os gostos e bolsos. Do contrário, a palavra festa pode, até, ser retirada do nome, deixando, apenas, feira, por suficiente, para contemplar a dimensão do evento.

Outra situação merece reparo: No CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), de Pinheiro Machado, fabrica-se acolchoados de pano, usando roupas velhas doadas pela comunidade. Tudo bem, quebra o galho, mas não dá pra comparar um acolchoado de trapos com um feito de lã. Nos rigores do inverno, quem tem, sabe a diferença e, não vejo motivação maior para qualquer pessoa realizar um trabalho do que a perspectiva de suprir a própria necessidade. 

Por fim, convém lembrar de um conhecido político da história recente deste país, que, nos primórdios de sua carreira, propugnava pela presença de “arroz, feijão e bife na mesa do trabalhadô.” Esse homem foi longe, aprimorando seu discurso, de forma a contemplar até os que comem caviar. Deixou-nos, de exemplo, entre outros, a certeza de que devemos perseverar em nossos intentos. Na vida pública, assim como na privada, vencem os que agradam a maioria. 

Que na próxima edição de nosso principal evento, esse bife dos sonhos esteja presente e seja de carne de ovelha!


Clique aqui para ler outros artigos deste colaborador
Clique aqui para ver o perfil dos colaboradores do blog 

10 comentários:

Anônimo disse...

Disse tudo.
E, foi lamentável, na minha opinião, que o governador não se abalou em ir ao referido pavilhão do artesanato para prestigiar, pelo menos, a lã da ovelha, já que a carne é inexistente.

Tiago Fagundes disse...

Acredito que essa função da carne de ovelha vá mais longe, Vera.

Não é só na festa que não se encontra a iguaria. Pra te ser sincero, acho que na feira é o único lugar em que se encontra, pois o Restaurante do Tio Pedro sempre tem, embora seja o único, eu acho.

Mas na cidade, a coisa é bem diferente. Na terra da ovelha, não se encontra a carne nos açougues e nos estabelecimentos gastronômico então, não existe um prato sequer no cardápio.

Seria interessante que o executivo, que quer oficializar a cidade como terra da ovelha, desse mais importância pra esses pequenos detalhes. Do contrário, não haverá porque ter este título.

SONIA RITTA DAVILA disse...

infelizmente sou obrigada a concordar com o formidavel texto da dona vera,é a festa da ovelha sem ovelha, e no açouge é tão cara que perde o gosto.Vai ver que é so feira pra quem pode comprar nos leilões e nós povo é que demos o nome de FESTA.

Anônimo disse...

Concordo contigo Tiago! Seria interessante encontrar em todos restaurantes da cidade um prato específico com ovelha, além de pizza é claro. E o mais básico, que deixo como "dica" aos proprietários de lacherias e lanches móveis da cidade: que tal um "x ovelha"??

Anônimo disse...

Faço minhas as palavras do anônimo das 12:25. Se tem x coração, x salada, x filé, x galinha porque não um x ovelha na terra da ovelha?

Anônimo disse...

Bem como parte da organização da Feovelha, venho esclarecer alguns pontos. Com relação a não ter carne ovina nos restaurantes do Parque Charrua não é verdade,pois, são 3 restaurantes no parque que servem da seguinte forma Restaurante Tio pedro carnes grelhadas (incluindo cortes grelhados de cordeiro), restaurante do Sobrado comida caseira de panela (incluindo espinhaço, carne frita e bifes de cordeiro), restaurante Betemps carnes assadas ( incluindo costela,paleta e alguns miúdos de cordeiro como,rim,lingua etc.)Confirmo isso, pois, por 5 anos a carne ovina era abastecida para os restaurantes atravéz de uma parceria com o Cordeiro Herval Premium-Marfrig e Sindicato e nessa última edição uma parceria com o Núcleo de Produtores de Ovinos de P.Machado. Garantindo assim a Carne Ovina nos restaurantes do Parque. Com relação a oferta de carne para comercializar no Parque, no período de parceria com o Herval Premium, esta foi disponibilizada resfriada, embalada a vácuo e portanto com um custo elevado, tendo baixo indice de vendas, nos anos seguintes, já com o Marfrig junto foi colocado um caminhão frigorífico no parque, que abastecia os restantes e também venda direta ao público na forma de carcaça ou meia carcaça, diminuindo o custo de embalagens,etc. Também não houve grandes vendas, e nesta última edição o Núcleo de Ovinos de PM, como fornecedor oficial da carne ovina, preferiu não colocar em venda direta, baseado no historico anterior,entre outras questões. Portanto fica clara a preocupação "SIM" com carne ovina na Feovelha por parte do Sindicato Rural - Organizador do Evento. Bem agora a questão custo dessa carne, aí é outro assunto, pois citando a questão de "espetino de porco", é óbvio que um vendedor de " Churrasquinho" produto esse com foco no baixo custo, compre uma carne de Suino a R$ 6,00 o kg do que uma carne de Ovino que está entre R$15,00 e 20,00 o kg (considerando preço PM), pois se não, quanto seria esse espetinho??? Venderia ao seu público alvo???
Att.
Max S. Garcia
S.R. P.Machado

Maicon Faria disse...

Eu acredito piamente na importância do fornecimento de carne ovina em uma festa relacionada diretamente a este produto. Mas a presença deste produto deve ocorrer de uma maneira lícita e segura, uma vez que não se pode fornecer um produto sem qualquer garantia de segurança alimentar, como normalmente ocorre na feira (sei disso porque trabalho na Vigilância Sanitária e presenciei este fato neste ano). Portanto, o simples oferecimento de carne ovina não satisfaz todos os aspectos envolvidos na feira. Obviamente que todos nós sempre comemos a carne de animais próprios abatidos em nossas propriedades, mas isso não pode ser passado a uma população maior cuja saúde não pode ser posta em risco pelo simples fato de expormos na vitrine da feira um produto final.

Anônimo disse...

A ovinocultura no município e região vem "de arrasto" faz tempo.
O fator climático não ajuda, o produtor não se arrisca à investir, falta oferta do protuto no mercado, o preço sobe e por aí à fora.
Também existem os desacreditados: "ovelha dá trabalho!"

Ana Paula da Rosa disse...

Bom, concordo que a questão da carne ovina deve ocorrer de maneira lícita e segura, mas também concordo plenamente com a D. Vera, pois não tem razão de se nomear "FEIRA E FESTA DA OVELHA", quando, na verdade, o que menos se vê na feira é a CARNE DE OVELHA.
Também acho a idéia do "X Ovelha" mto boa... talvez fosse preciso um olhar mais atento da administração pública nessa questão, com incentivos e benefícios para os produtores para que a carne tivessa um valor mais acessível na "TERRA DA OVELHA"...

Anônimo disse...

Realmente um simples churrasquinho de carne de ovelha se tornaria muito caro visto que deve se ter segurança no abatimento e obviamente ser adquirida a carne de maneira lícita. Mas, realmente se encontra sim nos restaurante do parque pratos feitos com carne ovina, embora acho que deveriam ser mais "divulgados". Ah! Também achei muito boa a idéia do tal "X Ovelha". Não custaria muito caro, vista uma comparação com coração por exemplo. Seria válido ao menos no janeirão pagar R$ 1,00 ou R$ 2,00 a mais por esse "diferencial". Chamaria a atenção dos turistas. Aqui X Ovelha...