Vice-Versa: Desfile de Independência, momento cívico, não político!

Por Rosângela Garcia

Lembro de uma foto que guardo em um daqueles álbuns de recordações. Estava desfilando nas comemorações de 7 de setembro. Usava saia e blusinha azul e não passava de seis anos de idade. Ao meu lado, uma colega que já não lembro o nome e a querida professora Mara Barão, que foi titular do pré-escolar por inúmeros anos e eu, tive a oportunidade de ser uma de suas primeiras alunas.

Naquela época, os desfiles em Pinheiro Machado contavam com bandas marciais das escolas do Município e apresentações de alunos. A população apreciava com gosto e orgulho patriótico os desfiles. Minha mãe, até hoje, conta-me sempre que os desfiles eram mais animados e esperados. 

Não estive presente no desfile deste ano, em Cacimbinhas. Mas, trabalhei no feriado e pude ouvir relatos de colegas que fizeram a cobertura de desfiles em Canoas e Nova Santa Rita, além do momento cívico de Porto Alegre. Na verdade, fiquei bastante surpresa com o da pequena cidade de Nova Santa Rita. Eu, somente não. A cidade e a região, também. Este ano, algumas escolas daquele Município resolveram ensinar realmente a seus alunos o que significa consciência política e momento de civismo. O desfile deixou de ser, simplesmente, o lugar comum onde o tema escolhido nacional e estadualmente é apresentado de forma semelhante. Duas escolas fizeram do desfile o momento de mostrar a indignação pelos baixos salários, estradas esburacadas e falta de respeito com o povo. Tudo de forma educada e civilizada, com protestos silenciosos, criativos e que receberam do público o apoio e aplausos. 

Em outros centros, vi também, mesmo que através de meios eletrônicos, que o desfile de Independência serviu mais uma vez para protestos violentos ou para propaganda político-partidária pré-período eleitoral. Do que discordo, de ambos. Violência não leva a nada! E, desfile cívico não deve ser usado como alavanca de votos. 

Fica, pelo meu ponto de vista, o exemplo de Nova Santa Rita, que soube de forma civilizada, mostrar que não concorda, aceita ou apoia tudo que é feito na cidade, de braços cruzados. E que não precisa seguir um tema sem mostrar o que pensa. Um bom exemplo a ser seguido!

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