Falando sobre os projetos já realizados e os que
estão em andamento na região, principalmente, além de avaliar o governo
atual, tanto do Estado quanto do país, Pedro Pereira conversou com o
Jornal Tradição Regional para abrir a série de entrevistas que irão
mostrar o perfil e as opiniões de alguns políticos atuantes na região.
Nascido no dia 31 agosto de 1953, no município de Canguçu, Pedro Pereira
foi eleito deputado estadual em 2006 com mais de 28 mil votos, e
reeleito em 2010 com mais de 38 mil. É atualmente membro das Comissões
de Assuntos Municipais, de Cidadania e Direitos Humanos, de Saúde e Meio
Ambiente, de Segurança e Serviços Públicos e também da Comissão
Temporária sobre Novas Energias (carvão mineral e energia eólica).
Confira a entrevista:
Jornal Tradição Regional: Quais foram os principais projetos realizados na região e no Estado?
Pedro Pereira: Defendo algumas “brigas” como a dos
fumicultores, pela a dignidade do trabalhador na lavoura e dos empregos
ligados à agroindústria e de agrocomércio. Se acabarem com o tabaco, a
nossa região desaparece do mapa. Enquanto um hectare de fumo rende de R$
18 mil a R$ 20 mil por ano, esse mesmo hectare de feijão e de milho
gera no máximo R$ 2.500. Ninguém planta fumo porque quer, planta por que
dá lucro.
Outro projeto é com relação ao carvão mineral, a
que abrange a região de Candiota, Bagé, Hulha Negra e a Região
Carbonífera – com Charqueadas, São Jerônimo, Minas do Leão, Butiá e
Arroio dos Ratos. Enquanto as nossas usinas aqui estão sendo proibidas
de funcionar, no Maranhão e no Ceará foram construídas termoelétricas e o
carvão vem da Bolívia e da Colômbia, o que é desigual. Comprei também a
“briga” do setor primário, com as regras impostas sobre os exames de
anemia infecciosa nos cavalos. Derrubamos isso por enquanto, bem como a
exigência de relação de animais 30 dias antes da Expofeira, um período
muito extenso.
Pelo fato de ser médico, brigo muito pela saúde.
Agora mesmo fiz 65 emendas para toda região. Se vão pagar, eu não sei,
mas eu fiz. As rodovias também são um grande problema. Estão todas
paradas. Pedras Altas-Pinheiro Machado está parada. Amaral
Ferrador-Cristal também. São Lourenço-Canguçu ainda faltam 8km. A RS-265
é uma vergonha, e o termino da RS- 293 até Cerrito ainda falta terminar
também.
Sobre os projetos que viraram lei, tenho o Novembro
Azul. Primeiro temos a campanha do Outubro Rosa, para a conscientização
das mulheres sobre a saúde do útero, ovário e mamas. Seguido, temos
agora o Novembro Azul, para trabalhos de conscientização relacionados ao
câncer de próstata. Este projeto já é lei, e obriga os municípios a
terem comitês para a prevenção e tratamento ao câncer de próstata, que é
importante para os homens após os 40 anos. Ainda nos projetos
concretizados há outra lei, que é a do Dia dos Pomeranos e criação de
comitês de valorização e resgate da cultura pomerana.
Tenho também um projeto que há poucos dias passou
na Comissão de Saúde, que é o de planejamento familiar. Queremos que
este projeto seja colocado nas escolas, a partir da 4ª série do ensino
fundamental, e ele irá abordar diversos temas, passando por puberdade,
homossexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, e todo o
desenvolvimento do jovem. Ele visa duas coisas básicas: que haja uma
gravidez consciente e uma paternidade responsável.
Há também um projeto para estender a vacinação da
gripe H1N1. Já morreram mais de cem pessoas este ano aqui no Estado por
função do vírus. Hoje a vacinação abrange crianças de seis meses a dois
anos, profissionais da saúde, gestantes, idosos e grupos de risco, só, e
o resto? O meu projeto diz que todas as instituições que tiverem mais
de dez pessoas circulando, acumuladas e trabalhando, que o Estado
assista com a vacinação de forma gratuita.
E, finalizando, há o projeto de desvinculação do
Corpo de Bombeiros da Brigada Militar. Dos 27 estados da Federação,
somente no Paraná, Bahia, São Paulo e no Rio Grande do Sul os bombeiros
ainda não tem autonomia. Entrei com o projeto e consegui 35 assinaturas.
Quero que eles tenham autonomia administrativa e financeira para
conseguirem um orçamento próprio, além de mais efetivo e equipamentos.
Santa Catarina já separou há dez anos. Lá eles tem
295 municípios, nós temos 497, e há quartéis funcionando em 128
municípios, enquanto nós temos em 83. O caminhão de bombeiros de
Canguçu, por exemplo, está em Pelotas. Se acontece um incêndio lá é um
problema. Este projeto é uma PEC que está tramitando, e é
importantíssima. Qualquer pesquisa de segurança que se faça, os
bombeiros estão em primeiro lugar. Com isso eles vão continuar sendo
militares, fardados, mas serão independentes financeiramente.
JTR: Como avalia a atuação do governo do Estado?
Pedro Pereira: Vejo com muita preocupação.
Aprovamos para o governador [Tarso Genro (PT)] três pacotes. Um em
fevereiro de 2011, um no ano passado, e ele está mandando um agora, que
contém 70 projetos, todos urgentes, não permitindo uma melhor avaliação
de cada um. Começamos a votar 30 projetos em uma noite, e chega uma hora
que ninguém aguenta mais. No primeiro pacote, por exemplo, começamos a
votar às 14h15 e fomos até às 6h do outro dia, sem intervalos, foi a
sessão mais longa da história da Assembleia Legislativa. E como eles tem
maioria, acabam aprovando tudo.
Primeiro aprovamos R$ 5 bilhões em empréstimo,
entre BNDES e BIRD, ele recebeu quase R$ 4 bilhões de uma dívida antiga
da CEEE, o que somam R$ 9 bilhões, soma-se mais R$ 4,5 bilhões de
depósitos judiciais, são R$ 13,5 bilhões e há três semanas aprovaram
mais R$ 1 bilhão em empréstimos. Aí a oposição votou contra.
O problema é que o Tarso criou um número excessivo
de cargos de confiança, com gente que recebe mais de R$ 20 mil, aí não
tem dinheiro. Por isso que falta dinheiro para Saúde, que deveria
receber 12% da receita, mas que em 2012 recebeu apenas 6,5%, não há
verba para pagar o piso, que deveria estar em R$ 1.567, mas não está. A
Segurança é outro caos. Nunca se roubou tanto, sem falar dos abigeatos,
em Canguçu mesmo toda semana há roubos de carros.
Infraestrutura, não tem. As rodovias da região
estão paradas. São Lourenço-Canguçu faltam oito quilômetros e 280
metros, e não terminam, entre Boa Vista e Boqueirão. Queremos terminar
esta para depois começar Canguçu-Piratini, porque a RS-265 liga a BR-116
a Pinheiro Machado. Falta terminar também os 10 km de Pedras
Altas-Pinheiro. Pregaram o alinhamento das estrelas com o governo
federal, mas não adiantou nada. Infelizmente, o nosso Estado era para
ser o mais rico do país, pelo tamanho, pela pujança e pela força do
setor primário.
JTR: E as ações do governo brasileiro?
Pedro Pereira: Acredito que o país não pregue os
valores certos. Agora, por exemplo, criaram a Bolsa Gravidez e a Bolsa
Gestante. A mulher engravida, ganha, quando amamenta, também ganha. Mas
amamentar é uma obrigação de mãe, então porque receber. Como o absurdo
da Bolsa Presidiário, que paga cerca de R$ 800, e o aposentando que
trabalhou a vida toda ganha só o salário mínimo. Os valores se
inverteram.
Sobre a Copa do Mundo, segundo o presidente da
Fifa, no Brasil seriam necessárias apenas oito cidades sede. Aí o Lula
criou mais quatro cidades sede, para poder construir estádios em Manaus,
em Brasília, com o Mané Garrincha, orçado em R$ 600 milhões e
finalizado em R$ 1.700 milhões. E o time de Brasília, o de Manaus e o de
Cuiabá estão nas séries C ou D. Nunca mais vão usar os estádios.
JTR: Como médico, e como incentivador das políticas na área, qual a avaliação e as expectativas com relação à Saúde?
Pedro Pereira: Digo e afirmo como médico: a Saúde é
o nosso bem maior. Por isso deixo sempre 90% das minhas emendas para a
área da Saúde. O Pronto Socorro de Pelotas, por exemplo, não tinha um
desfibrilador pelo que soube. Como levar um país e um Estado a sério se a
Saúde está assim. Para mudar essa situação primeiro deve-se optar em
fazer gestão ou fazer política, como fez a Yeda na época de seu governo,
e controlar as contas públicas, cumprir os orçamentos, controlar a
corrupção, valorizar os funcionários, manter um bom ambiente de trabalho
e pagar salários dignos são fundamentais para um bom governo, além da
educação, que só se faz uma revolução através dela.
JTR: Quais são as suas expectativas para o ano que vem, considerando que é um ano eleitoral?
Gostaria de frisar, primeiro, sobre a preocupação
com alguns projetos. O principal é o da redução das RPVs (Requisições de
Pequeno Valor), que a Yeda começou a pagar com até 40 salários mínimos,
e o Tarso está reduzindo para até dez salários, o que é uma coisa
terrível para quem tem RPV, como professores e outros profissionais.
Sobre as expectativas para o ano que vem, é a de
continuar trabalhando e andando pelo Estado, como sempre, fiscalizando,
como sou da oposição, fazendo projetos, brigando para liberar as minhas
emendas a nível estadual e federal. Rodo em torno de oito mil
quilômetros no Estado e passo por hospitais, postos de saúde,
prefeitura, Câmara de Vereadores e associações nos municípios que
visito, para saber quais são as reivindicações. Tenho muito orgulho de
ser político, e no ano que vem completo dez eleições, e enquanto eu
tiver saúde, disposição e a população quiser, vou continuar deputado.
Vou para as eleições do ano que vem com a mesma garra.
Foonte: Jornal Tradição Regional
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