Perder ponto para times melhores, acordo fechado. O Grêmio tem limites bem claros de qualidade, vai eventualmente ganhar das equipes mais qualificadas, mais frequentemente empatará e não raro perderá. Nesta lógica da sensatez, perder para o São Paulo, em qualquer lugar, é resultado normal. O Grêmio esteve inclusive perto de vencer na Arena.
O que contamina e atrasa uma campanha de um time como o Grêmio é a perda de pontos para adversários inferiores. Eis o que determina o lugar na tabela das equipes que alternam resultados bons e ruins ao longo deste campeonato. O Grêmio já perdeu jogo para o Coritiba na Arena, pontos irrecuperáveis. Também foi ao Maracanã recentemente e neutralizou o Fluminense e venceu o Botafogo, excelente gira. Se fizer de novo contra Palmeiras e Goiás, ótimo. Antes, porém, não pode perder ponto para o Sport em Porto Alegre.
Não é por decreto, nem tão simples. A constatação do colunista e sua insistência em estabelecer os parâmetros tem a ver com o destino que o Grêmio queira ter no Brasileirão. Não há risco de queda, clap-clap para Luiz Felipe e seus comandados enquanto Palmeiras, Botafogo e até Flamengo vivem esta angústia da indefinição. Para objetivos mais nobres, porém, vai ser preciso bem mais do que quase ganhar do São Paulo.
Como criticar Abel Braga se o Inter está livre do rebaixamento com 12 rodadas de antecedência e ano passado corria risco de cair até a última rodada ? Só esta diferença enorme de campanhas já seria suficiente para validar seu trabalho no clube neste ano. A faixa habitual de campeão gaúcho também foi garantida. Então, comparado ao que foi feito imediatamente antes, Abel tem estrelinhas na nota.
O problema é que esta luz também tem sombra. Com o elenco disponível e com o que poderia ter sido providenciado em tempo, o Inter de Abel Braga não tem direito a ser eliminado de Copa do Brasil e Sul-Americana tão precocemente. A estratégia foi mal pensada e tirou do clube a chance de guardar no armário uma taça mais relevante. Responsável direto, Abel Braga. Responsável direto também por algumas decisões na formatação do time capazes de atrasá-lo neste Brasileirão irreversivelmente no sonho do título. A mais recente delas, a volta equivocada ao modelo de meio-campo que tira do Inter posse de bola e instala o adversário dentro do campo colorado. A derrota para o Cruzeiro, que é melhor do que o Inter, poderia ter vindo com o time gaúcho bem escalado, nunca saberemos. Mas Abel contribuiu decisivamente.
Pior foi o pós-jogo; o treinador disse que não tinha nada a explicar sobre o erro que cometeu e que as pessoas só estavam considerando erro por causa da derrota. Se tivesse dado certo, ninguém falava nada. Uma simplificação pobre que não deveria vir de treinador tão qualificado. Abel, enfim, é o pacote completo. Quem o contrata leva sua competência e sua soberba. Quando a qualidade se sobrepõe ao defeito, faixa no peito. Do contrário, decepção. No caso colorado, uma decepção que ainda pode ser salva por um vice-campeonato com vaga direta na Libertadores 2015. Depende só do Inter. Ou melhor: do quanto Abel consiga acertar mais do que errar nas decisões que toma.
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