Por Paulo Cesar Brum
Que sou professor de história, todos sabem. Agora, quando me manifesto a respeito da Revolução Farroupilha, todos acham que sou um "tolo". Ora, analisem historicamente, sem paixões infundadas, a trajetória do acontecimento. Para alguns uma "Revolução", para outros, uma "Guerra". Se foi uma ou outra não interessa; não vamos ao caso. O que importa analisar é que os grandes objetivos do tal acontecimento, pouco ou nenhum deles foram alcançados.
Sabemos que na ocasião a Província Rio-Grandense mergulhava num atraso político e econômico sem precedentes, o que preocupava os seus habitantes, a ponto de se revoltarem contra o Império autoritário, centralizador e distribuidor de benefícios a seus correligionários. Pois bem, diante desta situação, os rio-grandenses ao pagar seus impostos rangiam os dentes como leões presos em jaulas. Apesar dos grandes rebanhos existentes (ovinos, bovinos e equinos), para abastecer o centro do Império, o qual se beneficiava de tudo, nada resolvia quanto à situação da economia da província rio-grandense.
Querer um país independente era uma pretensão um tanto exagerada. Até a proclamaram, porém, aos olhos do Império uma brincadeira de mau gosto. Valentia para tal ato, não podemos dizer que não houve. E assim ocorreram as tentativas para o acontecimento em meio a dúvidas, exaltações e tantas peleias. A começar, os próprios farroupilhas contrários à monarquia estavam divididos. De um lado os moderados (Chimangos), querendo a autonomia da província, unidos pela república, de outro, os exaltados, defensores de uma república federalista. E por fim aqueles que defendiam o Império a qualquer custo.
Muita gente acabou se envolvendo no furdunço. Não faltaram estrangeiros de várias nacionalidades, talvez ocasionando grandes encontros sociais e políticos que oportunizaram, até mesmo, acalorados romances. Isto tudo a parte, vamos aos fatos. No final das contas, em que resultou a Revolução Farroupilha, além da duração e da mortandade? Como é meu desejo em saber mais profundamente sobre o assunto, estou a descobrir estes pormenores. Claro, que temos que reconhecer a bravura e a valentia dos farroupilhas, mas estou tentando sanar minhas dúvidas.
Se compararmos aos dias atuais, o que poderíamos dizer é que no lugar do charque, do couro e do sebo e os consequentes impostos, coloquemos os produtos da atualidade, e tudo se repete. Quanto ao governo central, o que notamos é que continua centralizador, jogando responsabilidades sobre as unidades da federação, gastando não com as "autoridades" imperiais, mas agora com as "autoridades" da república, como sanguessuga voraz em veias sangrando. Alguém já disse que a história é uma repetição de fatos. Tudo está aí parecendo se repetir - os fatos que revoltaram os rio-grandenses daquela gloriosa, mas infausta década de 1835 a 1845.
Apesar de tudo isto, viva a Revolução Farroupilha, viva os gaúchos, viva a Província Rio-Grandense que festeja com garra e entusiasmo esta efêmera data. Àqueles que lerem este artigo, antes de mais nada, pensem, reflitam e concluam.
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