Depois de ser recepcionado no interior da Unipampa, percorrer o corredor principal e entrar em uma das salas da universidade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu de ônibus até o portão de entrada do campus.
No local, estava instalado o carro de som dos apoiadores do petista.
Acompanhado da ex-presidente Dilma Roussef e das cúpulas petistas do Estado e nacional, Lula falou para militantes e estudantes. Distante poucos metros dos manifestantes contrários, ele relatou que não esquece a data de 27 de julho de 2005, quando anunciou a criação da Unipampa em Bagé.
Depois, com palavras contundentes em relação aos que protestavam contra a visita - Lula os classificou como fascistas -, afirmou que não esperava que houvesse reclamação junto ao Ministério Público por conta da sua ida à universidade.
E a exemplo do que tem feito em manifestações pelo país, o petista atacou o que chama de elite. “O Brasil não quer ser eternamente exportador de soja, o Brasil quer ser exportador de inteligência”, bradou.
Ao falar do ensino, Lula citou vários países da América Latina que, segundo ele, criaram a primeira universidade no século 19, e o Brasil, somente no século 21. “Confesso a vocês que saio triste daqui porque não vi nenhum empresário recebendo a gente. O que vi foi pobre trabalhador. Isso me estimula. Se tem alguém que não gosta de mim aqui, isso vai me estimular a voltar muitas vezes”, prometeu.
Dilma critica setor rural
A ex-presidente, num recado direto aos manifestantes contrários, afirmou que a gestão petista no Palácio do Planalto foi a que mais destinou recursos aos produtores rurais no país. "Foi dinheiro para custeio, além de dinheiro para investimento. Nós também beneficiamos o pequeno agricultor familiar, o assentado da Reforma Agrária, que recebeu não só uma política de crédito, mas de compras também”, acentuou.
E acrescentou que não houve um governo que tivesse “tanto compromisso com a agricultura”. Segundo ela, esse foi o motivo porque Bagé foi escolhida como a primeira cidade a receber a caravana de Lula.
Divaldo Lara: “Demos um recado para o Brasil”
No momento em que o comboio se retirava da Unipampa, lideranças contrárias à visita discursavam em cima de um caminhão.
O prefeito parabenizou os representantes de entidades de classe pela mobilização. “Bagé e o Rio Grande mostraram que não toleram esse tipo de bandido aqui. Fomos mais fortes, mais numerosos e mais organizados”.
Dias: “O ex-presidente não é 'o cara'”
O presidente da Comissão Fundiária da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Paulo Ricardo Dias, que foi um dos organizadores do protesto contra Lula, disse que a mobilização atingiu o objetivo. “O ex-presidente não é 'o cara'. Ele é a cara da corrupção”, sentenciou.
Sobre o confronto que ocorreu na chegada do comboio à universidade, Dias comentou que era uma mobilização de grande proporção e, segundo ele, é difícil controlar todos e que alguns “perdem a cabeça”.
Moglia: “Estamos dando exemplo para o país”
Para o presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé, Rodrigo Moglia, o ato mostra a indignação da sociedade bageense com a presença de um político condenado pela Justiça. “Este não é um movimento político, é uma mobilização de produtores e de homens e mulheres de bem. É uma vergonha para uma instituição federal de ensino fazer palanque para um político condenado, que devia estar na cadeia”.
Em relação ao manifesto, Moglia destacou: “Estamos dando um exemplo ao país ao manifestar nosso repúdio a esse homem e a tudo que ele fez”.
Lacerda: “Ridículo e desonroso”
“Não queremos a visita de um criminoso condenado”, assim disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Bagé (Sindilojas), Nerildo Lacerda. “Este (a recepção na Unipampa) é um ato ridículo e desonroso com a história de Bagé. O Sindilojas e todo o empresariado apoia todos que aqui estão contra o 'presidente presidiário'”, sustentou.
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