Prestes a lançar a 30ª edição de seu maior evento, a Feovelha, o
município de Pinheiro Machado vive a expectativa da implantação de um
novo ramo destinado à produção de carnes. A diferença é que, agora, em
vez de dedicado à ovinocultura, o foco será a avicultura.
Vale ressaltar, contudo, que esta nova proposta não tem a pretensão de
competir – até porque a criação de ovelhas, além de anos de atuação,
conta com uma das maiores produções em nível nacional naquele município.
O projeto, como explica o secretário de Agropecuária e Meio Ambiente,
Adelino Luiz dos Santos, é comedido e tem em sua meta principal o
atendimento de uma demanda onde, atualmente, o Executivo precisa buscar
em outras regiões do Estado para sanar uma questão básica: a inserção na
merenda escolar.
O surgimento da ideia
Em entrevista à reportagem, Santos lembra que a proposta de levar a
avicultura até à terra da ovelha surgiu ao acaso. “Havia feito uma
visita à Embrapa, de Pelotas, para conhecer um trabalho de pesquisa em
avicultura colonial. Lá, recebi um convite para conhecer alguns aviários
de Canguçu, onde a Embrapa prestava assistência técnica”, relata.
Durante este período, além de conhecer os projetos, o secretário se
deparou com equipamentos destinados à implantação de um pequeno
abatedouro, os quais não tinham mais utilidade. “Eram para um projeto
que não teve sequência”, completa.
Segundo Santos, ambas as propostas interessaram e foram levadas para o
debate no município. “Estudei a viabilização com a Coptec (Cooperativa
de Prestação de Serviços Técnicos) sobre a instalação de alguns aviários
junto aos assentamentos da agricultura familiar e eles foram
favoráveis. Também levei o tema ao Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) e eles se dispuseram a viabilizar ambas
as propostas”, comenta.
Após ambos os contatos, o assunto foi levado para a pauta do Executivo
que, junto ao setor de Nutrição da rede de Educação. “E, ali, também foi
aprovado”, reforça.
Detectado a viabilidade, tanto de demanda quanto de recursos, a iniciativa passou para um novo patamar: a efetivação.
O motivo
Questionado sobre quais motivos levaram a tamanha atenção aos projetos, o secretário aponta dois itens principais.
“O primeiro é porque o município precisa comprar, junto à agricultura
familiar, pelo menos 30% do que é utilizado na merenda escolar.
Atualmente, adquirimos cerca de 56%. Mesmo assim, esta é uma
oportunidade de ampliarmos as possibilidades e gerarmos mais renda no
município, aos produtores”, defende.
A segunda justificativa, para ele, também leva em consideração aspectos
financeiros. “Hoje, pelo menos dois mil quilos de frango são consumidos
na merenda escolar a cada dois meses. Uma tonelada por mês. E é algo que
precisamos buscar fora do município através de licitações. Produzindo
aqui, será mais vantajoso, principalmente para quem produzir”, garante.
O projeto
O modelo a ser adotado utiliza como base projetos executados pela própria Embrapa. Tanto os aviários como o abadetouro.
Santos detalha que a ideia é implantar três aviários, em diferentes
localidades do interior. “Ainda não estabelecemos os locais. Mas cada um
terá capacidade para 300 aves”, relata, ao explicar que o ciclo de
produção dura cerca de quatro meses.
Já o abatedouro, também sem área definida, poderá abater até 100 aves
por dia. “É um pequeno espaço, mas que garantirá o atendimento
produtivo”, salienta.
Os recursos para tais empreendimentos, contudo, ainda precisam ser
estabelecidos. “Acredito que não seja algo tão alto. Na verdade,
avaliamos em cerca de R$ 150 mil. Vamos buscar isto junto ao Incra e,
caso for necessário, no MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário”,
argumenta.
Demanda
Apesar de idealizado e, possivelmente, custeado com recursos públicos, a
proposta do Executivo pinheirense é tornar os empreendimentos dos
próprios produtores.
“Vamos realizar uma reunião nesta quinta-feira (hoje), com membros da
Coptec, do Incra e lideranças dos assentamentos para definir algumas
questões primordiais”, cita. A primeira delas será definir os locais de
construção de cada uma das unidades. A medida é necessária para buscar
os recursos junto aos órgãos federais.
A outra demanda é criar uma Associação dos Avicultores. “Nossa ideia é
que esta entidade seja responsável por gestionar estes espaços. Nesta
reunião pretendemos definir os membros da Associação”, conclui.
Fonte: Folha do Sul Gaúcho
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